terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Como Estamos entrando em nossos cultos? E como estamos saindo?



            E dizia a todos: Aquele que quiser me seguir negue-se a si mesmo, e tome a cada dia a sua cruz, e siga-me.
            Lucas 9: 23.

            Culto abençoado, hinos ungidos e pregação poderosa. Saio do culto e pergunto para o irmão: Como estava o culto? Ele, empolgado, responde: Estava muito bom! Meu Deus, como o Espírito Santo operou hoje! Pessoas falando em línguas, o louvor me arrebatou e a palavra foi poderosa, algo que marcou minha vida! Então, pergunto novamente: O que o irmão aprendeu hoje? E aí se entende o porquê do estado atual da igreja. Ah, muitas coisas, sabe, sobre aprender a perseverar...perseguir nossos alvos...não deixar de sonhar...que os planos de Deus não podem ser frustrados...
            Eu não estou dizendo que respostas como essas não tenham sua validade e também sei que há muitas pessoas que, de vez em quando, precisam ser encorajadas. Mas enquanto às mudanças? E quando o que preciso não é ser encorajado, mas talvez repreendido, talvez avisado, e muitas vezes ensinado sobre coisas realmente eficazes?
            Sei que sou chato, mas me incomoda o fato de cada vez ser mais frequente crentes que entram e saem do culto do mesmo jeito. Não estou querendo ser apocalíptico, mas, está tudo tão bem que só é necessário um empurrãozinho espiritual? Será que estou realmente carregando a minha cruz a cada dia, mesmo, e me negando, e com isso, seguindo a Cristo?
            A cruz que Cristo está falando não é a dele. É a minha cruz. Naquela época, somente as piores pessoas possíveis eram condenadas à morte de cruz. Jesus morreu numa cruz porque seu crime foi ser perfeito em tudo, tanto que os homem tiveram que condená-lo. A verdade é reveladora porque muitas das vezes causa revolta. Crucifica-o! gritavam ao nosso Senhor.
            Então vem a pergunta: se Cristo pagou por nossos pecados e carregou a cruz por nós, porque nós ainda devemos carrega-la? Resposta:
            Cristo nos mandou carregar nossa cruz e o seguíssemos porque no final, ele é que foi Crucificado!
            Entenda: somente o condenado deveria levar a sua cruz. O episódio do homem que ajudou Cristo por alguns momentos foi episódico.  Não fazia parte. Era impossível um homem carregar a sua cruz e não ser crucificado nela. A cruz é minha, eu devo ser o crucificado. Hoje seria como o homem no corredor da morte esperar por anos para ser morto, e de repente, alguém tomar o seu lugar na cadeira. Não tem como isso acontecer, por isso é impossível. Não é impossível eu carregar minha cruz, mas é impossível alguém ser crucificado no meu lugar.
            Dou graças porque o que para os homens é impossível, para Deus não é! Esse é ponto: como valorizaremos a verdade da cruz, se antes não a carregarmos? Como poderemos imaginar o tamanho do sacrifício, se não compreendermos que o caminho percorrido por mim é para que outro morresse em meu lugar?
            Quando eu nego a mim mesmo, estou aceitando minha culpa de pecador, e quando obedeço a verdade do evangelho, estou carregando o fardo de Cristo, que, comparado ao preço pago na cruz, é leve. Quando eu chego no culto, se eu, durante o dia, neguei a mim mesmo, procurando andar segundo o evangelho, é no culto que celebro e agradeço amor de Deus por mim!

            Eu não estou dedurando ninguém, apenas estou me analisando agora: se eu aprendesse mais a negar a mim mesmo e carregar a minha cruz, o significado do culto seria outro. Isso porque, no final, me lembraria que três dias depois, meu Jesus ressuscitou! E eu, com Ele.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Onde Está o Poder de Deus?

            Onde está o poder de Deus?
            O evangelismo atual adota um sistema simples e frutífero: o mercadológico. Ele diz que as pessoas vão comprar produtos que ou lhe sejam necessários (comida, roupa, casa) ou que o produto se torne necessário (tecnologias, entretenimento...).  Mas quando eu olho para o livro de Atos vejo um sistema diferente. Um sistema chamado evangelho.  
            Na realidade, o evangelho é muito parecido com o sistema mercadológico: ele também oferece algo que as pessoas precisam. A diferença é que ela não querem. Segundo Leonard Ravenhill, o evangelho foi experimentado, estudado e rejeitado por aqueles que deveriam aceitar.
            Outra diferença do evangelho é como é apresentado: se na publicidade a propagando positiva é a alma do negócio, o evangelho é escandaloso porque expõe todos os pecados, erros, malignidades da pessoa que é exposta a ele. Tanto é que na primeira pregação, o texto de Atos disse que muitos que ouviram ficaram com o coração compungido.
            O engraçado é que imaginamos que isso que eles sentiram foi algo do tipo emocional, triste, choroso, tristonho ( Atos 2: 37). Mas o termo original para o que eles sentiram naquele momento é algo muito incomum de se ouvir: vem do grego katanusso: perfurar completamente, agitar violentamente. Não foi um simples sentimento. O poder daquela mensagem abalou estruturas muito mais profundas. Creio que foi nesse sentido que escritor de Hebreus escreveu ao falar que a palavra de Deus é viva e eficaz, mais cortante que uma espada de dois gumes, que penetra até a divisão da alma e espírito, juntas e medulas, é apta para discernir pensamentos e propósitos do coração (Hebreus 4: 12).
            E quando Paulo e Silas foram presos em Efésios? Terra tremeu, cadeias foram abertas...e o carcereiro, que estava dormindo, foi acordado para uma realidade assustadora: ele precisava ser salvo.
            Comecei um curso teológico (a distância, teologia básica). O primeiro módulo foi o estudo dos atributos de Deus. Bem, é de se imaginar que vá falar de Deus. Mas logo no primeiro capítulo fui simplesmente bombardeado por ensinos filosóficos, teístas, científicos, que se propunha a provar a existência de Deus. Nenhum versículo bíblico.
            Eu poderia enumerar muitas questões em relação a falta de bíblia em nossas igrejas, mas acho que seria tornar superficial um assunto que merece muito mais do repreensões e acusações a uma igreja que caminha a passo largos ao esfriamento do amor. Sinceramente, há muito, muito tempo não vejo conversões verdadeiras, do tipo que aconteceu em Atos. Mas há exceções.
            Estes dias ouvi um novo convertido da nossa igreja local testemunhando, fora do culto, no happy hour gospel. É lindo demais. Uma pessoa que reconhece a grandeza de Deus face a sua mediocridade, alguém que se sente amado por um Deus que tinha todos os motivos para abandoná-lo. Ele me disse: Sabe o que é você sentir algo que você não sabe explicar? Mas sentir de tal forma que isso é real? Como se algo tivesse brotando aqui de dentro?. Eu disse: Sei. Claro que eu sei. Mas a minha pergunta é: porque não me sinto mais assim?
            Ah, mas novo convertido é assim mesmo...a gente amadurece...Começo a entender que este é o engodo de Satanás que tem levado muitos crentes a uma frieza tão grande na igreja que muitos não percebem porque há falta de fogo do Espírito Santo. Pergunte a pinguim se está frio e ele dirá que está normal.
            Me senti um cubo de gelo perto do irmão. Estou cada mais crente de que a “temperatura” espiritual de um cristão se deve completamente do seu entendimento sobre a graça de Deus, seu amor, sua obra, do que necessariamente basear-se apenas em experiências ou só em conhecimento. Ele não é homem de grandes conhecimentos ou experiências espirituais. Mas diante da graça de Deus ele apenas sabe que Deus o ama. Sim, precisamos crescer e amadurecer, mas não no crescimento em si ou no amadurecimento em si, mas no conhecimento e graça de Jesus! (II Pedro 3: 18).
            Quando olho o livro de Atos não vejo somente pessoas oprimidas, necessitadas. Vejo pessoas comuns que estavam em lugares comuns na sua vida mas que pelo poder da palavra e do testemunho dos apóstolos foram mudadas de forma total.
            Sabe o que é pior? É que muitos, ao ficarem perto de tochas vivas como esse irmão são capazes de desdenhar e dizer: Benção, é bom ouvir histórias de vez em quando...ou...Novo convertido, um dia ele aprende... Sou capaz de dizer que naquele momento todo conhecimento possível das Escrituras somente são poderosas na vida de pessoas assim: cientes presença e graça de Deus.
            O evangelho não é comercial de margarina. Muito menos de pasta de dentes ou de algum plano de seguro. É poder de Deus. Eu não estou falando que de andar por aí falando em línguas estranhas ou se tornar alucinado por experiências; muito menos de se encher de conhecimento. Deus sabe a estrutura de cada um. Amo ler histórias de grandes homens e mulheres de Deus, mas aprendi a não me medir por eles. Isso é muito pouco diante daquele a qual todo joelho um dia se dobrará e toda língua confessará.
            A saída? Voltar às escrituras. Mas já não vamos a elas todas as terças, quintas, sábados e domingos? Se pelo menos houvesse exposição e pregação bíblica, talvez. Mas se elas fossem bíblicas produziriam crentes bíblicos, coisa que não posso afirmar com clareza. Mas posso dizer que muitas das mensagens que ouvimos por aí carecem de poder de Deus.
            Não um poder pirotécnico de pulos, saltos ornamentais ou frases de efeito. Falo de pregações que nos motivem a orar mais, buscar mais. Na última aula teológica, o pastor indagou como levar o povo a orar. Muito se falou de estratégia. Bem, para os apóstolos bastou a promessa do revestimento de poder. Isso não nos é suficiente, ou nos achamos superior a eles?

            

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Como está o seu coração?


            Fazia algum tempo que eu não parava para olhar um pouco de televisão. Fiquei quinze minutos, tentando olhar um jornal. O que vi foi um conjunto de noticias no mínimo terrível, desde assaltos, acidentes, a pedofilia. Tudo horrível. Mas o que me chamou a atenção foi um detalhe que passa despercebido por quem costuma sempre olhar televisão: a forma grosseira de manipulação que visa simplesmente anestesiar os telespectadores.
            Cada noticia é passada em no máximo dois minutos, onde o apresentador (que virou moda também ser comentarista) apresenta sua visão dos fatos em trinta segundos, demonstrando repudio ou raiva, para logo depois ir para outra noticia pior ainda para depois falar de futebol. Você pode dizer: “É por causa do tempo, tudo é corrido, ainda mais na televisão”. Entretanto, a massificação de informações ruins acaba nos tornando insensíveis ao mal, a maldade. Ou seja, um povo (digo os evangélicos) que já não gosta de ler bíblia, o que gera uma total insensibilidade ao pecado, se fomenta de noticias mais ruins ainda, criando uma geração que posso chamar de Geração Coração de Pedra.
            Em Ezequiel 36: 26 há essa promessa sobre o derramamento do Espírito, onde Deus promete nos dar um coração novo, tirando o coração de pedra por um coração de carne. Coração de pedra é simplesmente um coração amortecido pelo pecado a ponto não conseguir discernir entre o bom e o mal, o que é santo e o que é profano. Um termo que também é semelhante é o coração duro (Isaías 46: 12).
            Irmãos, espiritualmente, a diferença entre o bem e o mal não é simplesmente o certo e o correto, aquilo que parece digno de aprovação ou de reprovação. Em síntese, o mal habita em nós (Mateus 15:19). Não, irmão, eu sou puro de coração, sou lavado no sangue de Jesus, o mal não habita em mim! Bem, se você pensa assim, quero lhe dar os parabéns! É serio, aliás, acho melhor você estar preparado, porque logo Deus vai te recolher!
            Tá repreendido! Amarrado! Amordaçado! Em nome de...
            Irmãos, o único fato de estarmos vivos ainda, crentes ou não, é a misericórdia de Deus, que se renova a cada manhã (Lamentações 3: 22). Mesmo nós, crentes, que julgamos sermos sal desta terra, somos ainda influenciados pelo pecado que habita em nós (Romanos 7: 20). Creio que a única diferença entre nós e os ímpios é que temos o Espírito Santo dentro de nós. A bíblia diz que ele é nosso penhor (II Coríntios 1: 22; 5: 5). Mas, por acaso, você já pesquisou ou tem ideia do que significa penhor?
            Do original, grego, (ἀρῥαβών arrhabon), penhor é uma promessa, ou seja, parte do dinheiro de compra ou imóvel dado antecipadamente como garantia para o resto. No linguajar popular, é o objeto de valor que deixamos como garantia de pagamento, geralmente na forma de contrato. Existiam (e ainda existem por aí), casa de penhores, onde você conseguia um determinado valor para ser pago depois, deixando sempre um objeto de valor maior, um anel, por exemplo.
            O fato de termos o Espírito Santo nos sela como filhos de Deus. Mas não retira de mim a responsabilidade de andar conforme o contrato, ou seja, em relação à bíblia. O fato de ter dons (dados gratuitamente pelo Espírito) não significa que eu posso usá-los da maneira como eu quero. A arca da aliança, que era a simbólica presença de Deus no meio de Israel não era garantia de sucesso, não se a lei não fosse cumprida em todos os seus requisitos. Foi por isso que aconteceu o fato lamentável durante a incursão de Davi ao tentar trazer a arca de volta a Jerusalém (II Samuel 1: 1 a 7). Não era qualquer um que podia levar a arca. E nós, que possuímos o Espírito de Deus, a presença, o penhor, como nós também não deveremos nos preocupar com a maneira que temos levado a arca?
            Irmãos, a arca da aliança foi roubada pelos Filisteus. Durante anos, no reinado de Saul, ninguém se lembrava da arca. Mas ela era a marca da presença de Deus no meio de Israel. Somente quando Davi se levantou como rei foi-se instituído novamente o culto a Deus. A minha pergunta, que faço a mim mesmo é: será que a glória de Deus na minha vida não tem sido vilipendiada, isto é, desprezada por mim?
            O que isso tem a ver com o jornal? O que isso tem a ver com a televisão? Tudo. Não só com a televisão, como com a internet, telefone, emprego, amigos, família. A maneira como me relaciono com tudo ao meu redor, como cristão, deve ser reflexo da maneira como eu me relaciono com Deus. Não estou fazendo um convite a uma vida tola, de total e completa separação do mundo (nem Jesus pediu isso, na oração sacerdotal de João capítulo 17). Eu instigando a você a ser perguntar: o que meu coração sente ao ver o mal? O que meu coração sente ao pecar?
            Temos que entender que ainda que lei tenha sido abolida, os sacrifícios tenham  sido feitos de maneira perfeita, completa e eterna em Cristo, os princípios espirituais da lei do Senhor continuam inalteráveis. Deus ainda é santo. E nós? Como estamos?
            Perceba que não estou dizendo que olhar isso ou aquilo é pecado. Deus nos deu Seu Espírito para que pudéssemos andar de tal forma que, ainda que eu não conheça de maneira completa e perfeita a sua lei, no meu coração de carne há a sensibilidade de saber o que eu posso e que não devo fazer, falar, ver, tocar, pensar, sentir, buscar. E isso, amados, só pode ser vivenciado pelo continuo crescimento de conhecimento das escrituras e na oração. Não só escrituras, não só oração, mas oração e palavra (Atos 6: 4).
            Amado (a) lhe faço-lhe um convite: reflita ao saber de uma noticia ruim, ao ouvir uma palavra maldosa, ter um pensamento ruim, dizer uma palavra que saiu de você e sabe que foi má. Pense qual o impacto que há em você, no seu coração. Eu não estou lhe dizendo para diferenciar se é bom ou ruim. A pergunta é: você ainda consegue ouvir a voz do Espírito? Ou será que nosso coração está amortecido pelo pecado?
            Reflita. Pense. Busque a Deus. Talvez o avivamento que estamos pedindo não venha de um coração de carne como o seu.
           
           

            

segunda-feira, 3 de junho de 2013

A Bíblia não é Suficiente?


            Há uma propagação dentro das igrejas evangélicas no Brasil que técnicas sociais, culturais, cientificas, psicológicas, administrativas, motivacionais, podem e devem ser usadas ombreando a edificação da igrejas em todos os seus setores, desde a área do ensino até questões administrativas, como a tesouraria. É mais comum vermos em seminários pastorais e congressos a exposição de recursos motivacionais de empresas do que a exposição das escrituras, ou quando muito, uma visão bastante estranha àquelas que vemos nas cartas de Paulo a Timóteo, consideradas pastorais, concernente a vida de um líder cristão.
            Deixe-me ser mais claro: acho que utilizar qualquer recurso que não possua no mínimo princípios bíblicos é algo humano, carnal e extremamente destrutivo. Dentre as ciências humanas que mais tem entrado nas igrejas, destaco a psicologia .
            Dentro da psicologia, vemos cada vez mais um conhecimento humano, numa espécie de adestramento mental, onde mensagens baseiam sua estrutura numa exposição da psique dos ouvintes, através de detalhamentos de seus problemas, sendo de ordem social (a pobreza, falta de dinheiro, recursos escassos ou falta de expectativas), emocional (problemas familiares, de relacionamentos), de ordem intrapessoal, (como a baixa autoestima) físicas (doenças, vícios). Esse recurso, chamado por muitos de “pontes” trazem às mensagens um cunho muito pessoal, inteligente, simétrico e extremamente produtivo.
            Como consequências, os ouvintes se sentem compreendidos, e ficam mais abertos a uma pregação, que geralmente oferece a religião como uma solução de seus problemas anteriormente tratados. Vejo dois grandes problemas:
            O primeiro é basicamente herético. As escrituras nunca buscaram centralizar uma mensagem onde nós somos o centro das atenções. Por exemplo, quando Deus se apresenta a Moisés ele diz: ...Terei misericórdia de que EU QUISER ter misericórdia, e me compadecerei de quem EU QUISER me compadecer (Êxodo 33: 19, grifo meu). Se nós lermos todo o antigo testamento, com seus desdobramentos históricos, perceberemos que o homem nunca foi o tema central (ainda que fosse por meio dele que Deus se revelasse e a ele a quem se dirigia).
            Por exemplo em Isaías 43: 25 está escrito: Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim, e dos teus pecados não me lembro.
            Mesmo o amor de Deus por Israel tinha por base não as expectativas da retribuição deles, mas sua própria vontade, seu próprio nome, conforme se revela em Ezequiel 14, quando Deus usa o profeta para revelar que cada ação sua, desde revelação, até a conservação do povo tinha por base sua própria vontade.
            Isso não exclui o amor de Deus por seu povo escolhido, mas delimita muito bem a questão da centralidade do amor de Deus. É sabido da igreja que Deus não reparte sua glória com ninguém (Isaías 48:11). Mas muitas vezes não entendemos que glória é simplesmente a demonstração de virtudes, desde riqueza (como a glória de Salomão, descrita por Jesus, em Mateus 6: 29) até mesmo o conhecimento (II Coríntios 4: 6). Sabendo que o amor de Deus é também glória de Deus, ainda que sua glória se estenda aos homens, precisamos entender que o inicio, meio e fim de todas as coisas é Deus, e não o homem (Romanos 11: 36).
            O segundo problema do uso da psicologia em cima de púlpitos, em aconselhamentos e ensino nas igrejas é a deturpação das escrituras. É possível sim alguém cometer heresia usando a bíblia, mas quando usamos artifícios não-bíblicos a abrangência destes se torna quase imperceptível. Mas essa imperceptibilidade possui o poder de ludibriar a muitos, pois se assemelham a alguma piedade, quando na verdade são argumentos humanos travestidos de justiça própria. A marca desta psicologia se encontra na busca do bem estar do homem, na sua própria paz, através de um autoconhecimento e busca de resposta em si mesmo, quando a Bíblia ensina que a verdadeira paz se encontrar em conhecer a Deus (João 16:33).
            Dentro de uma visão bíblica, fico com Pedro:
            Visto com, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que chamou para sua própria glória e virtude
II Pedro 1: 3.
            Eu não estou aqui fazendo a alusão de separatismo radical. Apenas chamo a atenção para um estudo e conhecimento mais minucioso daquilo que tem sido pregado e ensinado nas igrejas. Creio que toda e qualquer ferramenta usada nas igrejas precisa ser analisada a luz das escrituras. O apóstolo João ensina que não devemos crer em todo espírito (I João 4: 1). O original desta palavra, espírito, não engloba somente o mundo espiritual, mas também a disposição mental a qual se está inferindo à igreja.
            Se cremos que as escrituras são divinamente inspiradas, também estamos dizendo que não somente ela é digna de fé, como também possui o peso principal para todo e qualquer ensinamento.
            Por último: não contra o uso da psicologia, seja ela científica (neurociência, por exemplo) ou prática (como a psicologia comportamental). Sou contra a influencia destas em áreas conhecidamente espirituais, como a salvação, princípios reguladores de fé (em quem cremos, o que esperamos dessa fé, quais as doutrinas dessa fé). Sou contra técnicas psicologias manipulativas dentro de nossos cultos (coisas como o aperte a mão do seu irmão, que são técnicas indutivas de atenção) ou mesmo dentro das nossas mensagens, racionalizando questões que só podem ser entendidas pelos espirituais (I Coríntios 2: 6 a 15).
            Mais uma vez: não prego uma alienação à cultura, até porque Paulo ensina que devemos reter aquilo que é bom, saudável (I Tessalonicenses 5: 21). Mas este bem deve estar abalizado às escrituras (I Timóteo 3: 14 a 17). Sejamos sábios para o bem, e inocentes para o mal (Romanos 16: 19).
  
            

domingo, 2 de junho de 2013

Mente Cristã


            Um tempo atrás o nosso grupo de jovens fez uma camiseta. Para colocar na camiseta uma imagem, foi pedida a opinião de cada jovem, e eu indiquei a imagem à cima: um cérebro com um símbolo de peixe no centro. Para mim, era algo claro, pois sempre aprendi que o símbolo do peixe sempre foi associado ao cristianismo, desde seu primórdio.
            Mas uma coisa realmente me deixou triste e muito preocupado: fui escarnecido. Todos (todos os jovens) riram da minha ideia. “Tinha que ser de você mesmo!” Fiquei muito bravo, mesmo. Não por ser ridicularizado, mas por muitos cristãos novos não conhecerem a história da igreja. Isso é lamentável, e o que deveria ser motivo de vergonha, é algo normal. Em outras palavras, somos uma juventude sem identidade. Pelo menos não temos a identidade cristã que se prega.
            O que é uma identidade cristã? A palavra identidade, no sentido pessoal, significa o conjunto de ações, pensamentos e expressões de uma pessoa, ou grupo de pessoas. É uma marca, um modelo, estilo. Jovens que se vestem de uma determinada maneira, falam com gírias, tem preferências musicais gostam de serem identificados por esses gostos. É a identidade deles, a maneira como eles se apresentam ao mundo.
            O que seria ter uma identidade cristã? Em primeiro Coríntios encontramos em Paulo uma definição esclarecedora: Nós temos a mente de Cristo (I Coríntios 2: 16). Do texto original, significa que temos pensamentos, sentimentos e vontades como as de Cristo. Em Atos 11: 26 está descrito a primeira vez que as pessoas que professavam a fé em Cristo foram chamadas de cristãs.     
            Partindo destes princípios, eu pergunto: o que significa, de maneira real, ter pensamentos, sentimentos e vontades semelhantes a Cristo? Espiritualmente falando, é impossível uma pessoa naturalmente adquirir estas qualidades, virtudes. No próprio texto de Paulo na primeira carta aos Coríntios, é explicado que é impossível ao mundo, às pessoas que não creem em Cristo, compreenderem isso (I Coríntios 2: 14). Então, pensando desta maneira, eu não posso me classificar como cristão com os parâmetros do mundo, simplesmente porque eles são incompatíveis.
            É necessário nascer de novo (João 3: 1 a 8). Este novo nascimento significa morrer para o mundo, e viver para Deus (Romanos 6: 4 a 11). Paulo diz que a nossa vida anterior a fé em Cristo, chamada de velho homem, foi crucificada com Cristo, sendo substituída pela nova criatura (II Coríntios 5:17).
            Beleza. Creio em Cristo e tenho nova vida, sou uma nova criatura, tenho nova identidade...mas qual? O grande problema desta geração é que, por desconhecer as escrituras, o evangelho, pintam qualquer mudança como sendo característica desta nova identidade. Não há parâmetros senão o cool, o legal. Vamos fazer festas, jantas, reuniões, retiros, tudo isso para mostrarmos como somos novas criaturas, e para ninguém reclamar, vamos colocar tudo isso em nome de Jesus!
            Na epístola a Tito, Paulo diz o seguinte: Quanto aos moços (jovens), exorta-os para que, em todas as coisas, sejam criteriosos (Tito 2: 6). Amados, que critérios têm definido a nossa cultura jovem cristã? Existe algum critério? Ou será que não temos moldado a mocidade cristã conforme os parâmetros do mundo?
            Ah, irmão, o importante é mudar de vida e dizer é que de Jesus! Não existe essa coisas de ser de Jesus, e sim estar Nele. Existe uma diferença abismal de ser de Jesus, e estar em Cristo. Todas as coisas, em última análise, são Dele (Romanos 11: 36; Filipenses 2: 9 a 11). Mas estar Nele significa conhecer e praticar seus mandamentos (há tantos versículos que recomendo ler a primeira epístola de João, para começar). Estar em Cristo significa, dentre outras coisas, ter uma vida agradável diante Dele. Eu não vou aqui enumerar ou dizer o que agrada a Deus. Convoco você, irmão ou irmã que esta lendo isso, a procurar, principalmente nos evangelhos e cartas dos apóstolos a procurar por essa resposta.
            Eu não sou contra retiros, congressos, jantas ou qualquer outra coisa que promova a união entre jovens. Sou contra dizer que isso é ser cristão. Um verdadeiro cristão baseia a sua vida na comunhão com Deus, através das escrituras, da oração, e da busca de uma vida piedosa.
            Isso não significa perfeição, mas uma vida humilde, quebrantada, de temor. Segundo o Dr. R.C. Sproul: de fato, quanto mais piedosos somos, quanto mais nos esforçamos para sermos dedicados, tanto mais dolorosamente cônscios de nossos pecados seremos.
            Precisamos de jovens piedosos, em vez de jovens com identidade própria. Piedade, amor, fé e perseverança sempre foram e sempre serão as marcas de um cristão, a verdadeira nova identidade evangélica (Mateus 10: 22; João 13: 35; II Pedro 1: 3 a 8).
           
           




Rap Bíblico

              Não sou muito fã de rap. Mas dada a situação dos hinos cantados hoje, sua pobreza bíblica e espiritualmente carnais, tenho me alegrado quando encontro músicas que valorizam mais as escrituras. Eis aqui um rap biblicamente correto, forte e extremamente prático. Aos que não gostam, respeito. Mas aos que amam as escrituras, é a letra é simplesmente maravilhosa. Veja, reflita e tire suas conclusões:



Recomendação: A Oração Muda as Coisas

       


            Finalizei agora a leitura de um livro simples, mas extremamente profundo: A Oração Muda as Coisas, do Dr. R.C. Sproul, pastor na igreja de Saint Andrew, em Sanford, (Flórida). O livro está em formato digital e está disponibilizado gratuitamente pela Editora Fiel para baixar.
            No livro, o doutor Sproul traz um estudo bastante cuidadoso e moderado sobre a oração eficaz: como orar de maneira saudável, equilibrada, madura, e que tipo de respostas devemos esperar de nossas orações. Ao contrário de muitos livros que já li, o pastor traz uma análise muito mais bíblica e prática da oração do que simplesmente instar ao leitor a pratica da oração.
            Um dos capítulos que mais me chamou a atenção foi A Prática da oração, onde ensina em forma de acróstico uma maneira pratica e bastante edificante como orar conforme o modelo de oração do Pai Nosso.
            Não espere um livro cheio de histórias extraordinárias e coisas absurdas. O pastor dá muito mais atenção àqueles que simplesmente querem aprender a orar para andar conforme a palavra de Deus, do que para os famosos caçadores da benção perdida. É um livro de leitura rápida (são pouco mais de cem páginas), mas aconselho a ler com uma bíblia. Também de fácil compreensão, por isso não espere por um esmero teológico.
            É um livro agradável, inteligente, e extremamente esclarecedor. Eu diria que é uma leitura altamente recomendada para aqueles que desejem aprender mais sobre oração, e acima de tudo, querem aprender sobre uma oração bíblica. Abaixo está o link. Apenas se inscreva na editora, com seu e-mail. Aliás, há muita coisa boa que a editora proporciona ao povo de Deus. Além de uma gama de livros variadas de ótimos teólogos e pastores, há muito conteúdo reformado, que vai desde Calvino a John Pipper. E muitos dos materiais estão a disposição para baixar gratuitamente.