Fazia algum
tempo que eu não parava para olhar um pouco de televisão. Fiquei quinze
minutos, tentando olhar um jornal. O que vi foi um conjunto de noticias no
mínimo terrível, desde assaltos, acidentes, a pedofilia. Tudo horrível. Mas o
que me chamou a atenção foi um detalhe que passa despercebido por quem costuma
sempre olhar televisão: a forma grosseira de manipulação que visa simplesmente
anestesiar os telespectadores.
Cada noticia
é passada em no máximo dois minutos, onde o apresentador (que virou moda também
ser comentarista) apresenta sua visão dos fatos em trinta segundos,
demonstrando repudio ou raiva, para logo depois ir para outra noticia pior
ainda para depois falar de futebol. Você pode dizer: “É por causa do tempo,
tudo é corrido, ainda mais na televisão”. Entretanto, a massificação de
informações ruins acaba nos tornando insensíveis ao mal, a maldade. Ou seja, um
povo (digo os evangélicos) que já não gosta de ler bíblia, o que gera uma total
insensibilidade ao pecado, se fomenta de noticias mais ruins ainda, criando uma
geração que posso chamar de Geração
Coração de Pedra.
Em Ezequiel
36: 26 há essa promessa sobre o derramamento do Espírito, onde Deus promete nos
dar um coração novo, tirando o coração de pedra por um coração de carne.
Coração de pedra é simplesmente um coração amortecido pelo pecado a ponto não
conseguir discernir entre o bom e o mal, o que é santo e o que é profano. Um
termo que também é semelhante é o coração duro (Isaías 46: 12).
Irmãos,
espiritualmente, a diferença entre o bem e o mal não é simplesmente o certo e o
correto, aquilo que parece digno de aprovação ou de reprovação. Em síntese, o
mal habita em nós (Mateus 15:19). Não,
irmão, eu sou puro de coração, sou lavado no sangue de Jesus, o mal não habita
em mim! Bem, se você pensa assim, quero lhe dar os parabéns! É serio,
aliás, acho melhor você estar preparado, porque logo Deus vai te recolher!
Tá repreendido! Amarrado! Amordaçado! Em
nome de...
Irmãos, o
único fato de estarmos vivos ainda, crentes ou não, é a misericórdia de Deus,
que se renova a cada manhã (Lamentações 3: 22). Mesmo nós, crentes, que
julgamos sermos sal desta terra, somos ainda influenciados pelo pecado que
habita em nós (Romanos 7: 20). Creio que a única diferença entre nós e os
ímpios é que temos o Espírito Santo dentro de nós. A bíblia diz que ele é nosso
penhor (II Coríntios 1: 22; 5: 5). Mas, por acaso, você já pesquisou ou tem
ideia do que significa penhor?
Do
original, grego, (ἀρῥαβών arrhabon), penhor é uma promessa, ou seja, parte do
dinheiro de compra ou imóvel dado antecipadamente como garantia para o resto. No
linguajar popular, é o objeto de valor que deixamos como garantia de pagamento,
geralmente na forma de contrato. Existiam (e ainda existem por aí), casa de
penhores, onde você conseguia um determinado valor para ser pago depois,
deixando sempre um objeto de valor maior, um anel, por exemplo.
O fato de
termos o Espírito Santo nos sela como filhos de Deus. Mas não retira de mim a
responsabilidade de andar conforme o contrato, ou seja, em relação à bíblia. O
fato de ter dons (dados gratuitamente pelo Espírito) não significa que eu posso
usá-los da maneira como eu quero. A
arca da aliança, que era a simbólica presença de Deus no meio de Israel não era
garantia de sucesso, não se a lei não fosse cumprida em todos os seus
requisitos. Foi por isso que aconteceu o fato lamentável durante a incursão de
Davi ao tentar trazer a arca de volta a Jerusalém (II Samuel 1: 1 a 7). Não era
qualquer um que podia levar a arca. E nós, que possuímos o Espírito de Deus, a
presença, o penhor, como nós também não deveremos nos preocupar com a maneira
que temos levado a arca?
Irmãos, a
arca da aliança foi roubada pelos Filisteus. Durante anos, no reinado de Saul,
ninguém se lembrava da arca. Mas ela era a marca da presença de Deus no meio de
Israel. Somente quando Davi se levantou como rei foi-se instituído novamente o culto a
Deus. A minha pergunta, que faço a mim mesmo é: será que a glória de Deus na
minha vida não tem sido vilipendiada, isto é, desprezada por mim?
O que isso
tem a ver com o jornal? O que isso tem a ver com a televisão? Tudo. Não só com
a televisão, como com a internet, telefone, emprego, amigos, família. A maneira
como me relaciono com tudo ao meu redor, como cristão, deve ser reflexo da
maneira como eu me relaciono com Deus. Não estou fazendo um convite a uma vida
tola, de total e completa separação do mundo (nem Jesus pediu isso, na oração
sacerdotal de João capítulo 17). Eu instigando a você a ser perguntar: o que
meu coração sente ao ver o mal? O que meu coração sente ao pecar?
Temos que
entender que ainda que lei tenha sido abolida, os sacrifícios tenham sido feitos de
maneira perfeita, completa e eterna em Cristo, os princípios espirituais da lei
do Senhor continuam inalteráveis. Deus ainda é santo. E nós? Como estamos?
Perceba que
não estou dizendo que olhar isso ou aquilo é pecado. Deus nos deu Seu Espírito
para que pudéssemos andar de tal forma que, ainda que eu não conheça de maneira
completa e perfeita a sua lei, no meu coração de carne há a sensibilidade de
saber o que eu posso e que não devo fazer, falar, ver, tocar, pensar, sentir, buscar.
E isso, amados, só pode ser vivenciado pelo continuo crescimento de
conhecimento das escrituras e na oração. Não só escrituras, não só oração, mas
oração e palavra (Atos 6: 4).
Amado (a)
lhe faço-lhe um convite: reflita ao saber de uma noticia ruim, ao ouvir uma
palavra maldosa, ter um pensamento ruim, dizer uma palavra que saiu de você e
sabe que foi má. Pense qual o impacto que há em você, no seu coração. Eu não
estou lhe dizendo para diferenciar se é bom ou ruim. A pergunta é: você ainda
consegue ouvir a voz do Espírito? Ou será que nosso coração está amortecido
pelo pecado?
Reflita. Pense.
Busque a Deus. Talvez o avivamento que estamos pedindo não venha de um coração
de carne como o seu.
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