Há uma
propagação dentro das igrejas evangélicas no Brasil que técnicas sociais,
culturais, cientificas, psicológicas, administrativas, motivacionais, podem e
devem ser usadas ombreando a edificação da igrejas em todos os seus setores,
desde a área do ensino até questões administrativas, como a tesouraria. É mais
comum vermos em seminários pastorais e congressos a exposição de recursos
motivacionais de empresas do que a exposição das escrituras, ou quando muito,
uma visão bastante estranha àquelas que vemos nas cartas de Paulo a Timóteo,
consideradas pastorais, concernente a vida de um líder cristão.
Deixe-me
ser mais claro: acho que utilizar qualquer recurso que não possua no mínimo princípios
bíblicos é algo humano, carnal e extremamente destrutivo. Dentre as ciências humanas
que mais tem entrado nas igrejas, destaco a psicologia .
Dentro da
psicologia, vemos cada vez mais um conhecimento humano, numa espécie de
adestramento mental, onde mensagens baseiam sua estrutura numa exposição da
psique dos ouvintes, através de detalhamentos de seus problemas, sendo de ordem
social (a pobreza, falta de dinheiro, recursos escassos ou falta de
expectativas), emocional (problemas familiares, de relacionamentos), de ordem
intrapessoal, (como a baixa autoestima) físicas (doenças, vícios). Esse recurso,
chamado por muitos de “pontes” trazem às mensagens um cunho muito pessoal,
inteligente, simétrico e extremamente produtivo.
Como consequências,
os ouvintes se sentem compreendidos, e ficam mais abertos a uma pregação, que
geralmente oferece a religião como uma solução de seus problemas anteriormente
tratados. Vejo dois grandes problemas:
O primeiro
é basicamente herético. As escrituras nunca buscaram centralizar uma mensagem
onde nós somos o centro das atenções. Por exemplo, quando Deus se apresenta a
Moisés ele diz: ...Terei misericórdia de
que EU QUISER ter misericórdia, e me
compadecerei de quem EU QUISER me
compadecer (Êxodo 33: 19, grifo meu).
Se nós lermos todo o antigo testamento, com seus desdobramentos históricos,
perceberemos que o homem nunca foi o tema central (ainda que fosse por meio
dele que Deus se revelasse e a ele a quem se dirigia).
Por exemplo
em Isaías 43: 25 está escrito: Eu, eu
mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim, e dos
teus pecados não me lembro.
Mesmo o
amor de Deus por Israel tinha por base não as expectativas da retribuição
deles, mas sua própria vontade, seu próprio nome, conforme se revela em
Ezequiel 14, quando Deus usa o profeta para revelar que cada ação sua, desde
revelação, até a conservação do povo tinha por base sua própria vontade.
Isso não
exclui o amor de Deus por seu povo escolhido, mas delimita muito bem a
questão da centralidade do amor de Deus. É sabido da igreja que Deus não
reparte sua glória com ninguém (Isaías 48:11). Mas muitas vezes não entendemos
que glória é simplesmente a demonstração de virtudes, desde riqueza (como a
glória de Salomão, descrita por Jesus, em Mateus 6: 29) até mesmo o
conhecimento (II Coríntios 4: 6). Sabendo que o amor de Deus é também glória de
Deus, ainda que sua glória se estenda aos homens, precisamos entender que o
inicio, meio e fim de todas as coisas é Deus, e não o homem (Romanos 11: 36).
O segundo
problema do uso da psicologia em cima de púlpitos, em aconselhamentos e ensino
nas igrejas é a deturpação das escrituras. É possível sim alguém cometer
heresia usando a bíblia, mas quando usamos artifícios não-bíblicos a abrangência
destes se torna quase imperceptível. Mas essa imperceptibilidade possui o poder
de ludibriar a muitos, pois se assemelham a alguma piedade, quando na verdade
são argumentos humanos travestidos de justiça própria. A marca desta psicologia
se encontra na busca do bem estar do homem, na sua própria paz, através de um
autoconhecimento e busca de resposta em si mesmo, quando a Bíblia ensina que a
verdadeira paz se encontrar em conhecer a Deus (João 16:33).
Dentro de
uma visão bíblica, fico com Pedro:
Visto
com, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem
à vida e à piedade, pelo
conhecimento completo daquele que chamou para sua própria glória e virtude
II Pedro 1: 3.
Eu não
estou aqui fazendo a alusão de separatismo radical. Apenas chamo a atenção para
um estudo e conhecimento mais minucioso daquilo que tem sido pregado e ensinado
nas igrejas. Creio que toda e qualquer ferramenta usada nas igrejas precisa ser
analisada a luz das escrituras. O apóstolo João ensina que não devemos crer em todo
espírito (I João 4: 1). O original desta palavra, espírito, não engloba somente o mundo espiritual, mas também a disposição mental a qual se está
inferindo à igreja.
Se cremos
que as escrituras são divinamente inspiradas, também estamos dizendo que não
somente ela é digna de fé, como também possui o peso principal para todo e
qualquer ensinamento.
Por último:
não contra o uso da psicologia, seja ela científica (neurociência, por exemplo) ou prática (como a psicologia comportamental). Sou contra a influencia
destas em áreas conhecidamente espirituais, como a salvação, princípios reguladores
de fé (em quem cremos, o que esperamos dessa fé, quais as doutrinas dessa fé).
Sou contra técnicas psicologias manipulativas dentro de nossos cultos (coisas
como o aperte a mão do seu irmão, que
são técnicas indutivas de atenção) ou mesmo dentro das nossas mensagens,
racionalizando questões que só podem ser entendidas pelos espirituais (I
Coríntios 2: 6 a 15).
Mais uma
vez: não prego uma alienação à cultura, até porque Paulo ensina que devemos
reter aquilo que é bom, saudável (I Tessalonicenses 5: 21). Mas este bem deve
estar abalizado às escrituras (I Timóteo 3: 14 a 17). Sejamos sábios para o
bem, e inocentes para o mal (Romanos 16: 19).
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