sexta-feira, 31 de maio de 2013

Será que sou orgulhoso?

            Será que sou amante do orgulho? Será que, na minha busca pela vontade de Deus, não há uma parte de mim que apenas deseja ser usado para todos vejam e testemunhem que Deus está comigo, assim como esteve com José (Gêneses 39: 2)?
            Quando eu olho alguns anúncios, seja na internet, rádio ou televisão, mesmo em carros de propaganda ou cartazes, convidando as pessoas paras cultos, congressos, simpósios ou seminários em igrejas é comumente colocado o nome dos convidados e pregadores, e quando estes são famosos, lhes é dado proeminência, destaque. Mas lendo o texto de Lucas 5: 16, fico a pensar: Cristo faria isso?
            Ele, porém, se retirava para lugares solitários e ali orava.
            Não são poucas vezes que vi lideres e pastores ensinando a obreiros que a propaganda é arte do negócio, ou quem não é visto não é lembrado. Isto tem coerência no mundo dos negócios, no show business, mas no Reino de Deus, isso é válido?
            Sério, não estou querendo ser radical demais. Mas certas coisas são exageradas. Ainda mais quando vejo certos pregadores e cantores tomando para si uma glória que dizem ser eles “dadas a Deus”, mas comportando-se como verdadeiros astros, donos da festa. Quem nunca viu um pregador ou cantor chegar no meio do culto? Infelizmente, os cultos tem se tornado cada vez mais o centro da atenção da igreja. Sim, infelizmente. Vou tentar explicar meu ponto de vista.
            Todas as estratégias de muitas igrejas se concentram num ponto: o culto. O conjunto ensaia para o culto. Pregadores preparam um sermão, para o culto. E os crentes geralmente se preparam alguns minutos antes de começar o culto. Então, todos os pensamentos, intuitos dos fiéis se resumem àquele período, que varia de uma hora e meia a duas. Neste interim, elas tem que: orar, clamar, cantar, pedir, adorar, profetizar, receber dons, ser usados, ouvir a mensagem, receber a oração, ficar sabendo das atividades durante os dias seguintes e depois...continuar vivendo.
            Qual o problema disso: porque tudo o que acontece num culto é medido pelo que acontece no culto. Se um culto não é bom, o próximo tem que ser melhor, senão...Crente que falta culto de doutrina é...crente que não oferta no culto...crente que não chora no culto...que não ora...não adora, fica só de braços cruzados...que não glorifica...TUDO NO CULTO.
            Então, por consequência, quando alguém, de alguma forma, se destaca no culto, se torna centro das atenções. Talvez o carisma, fala bem, canta bem, talvez seja muito usado. Nossa cultura gospel diz que essa pessoa tem que ser honrada, porque Deus está com ela...Será? Biblicamente, o que significa que Deus está comigo?
            Será que não estamos nos tornando idólatras de cultos? CUMÉ? Nunca vi disso! É mesmo? Como será que eu meço minha vida espiritual? Pela minha fé em Deus, por minha meditação na sua palavra, na oração em secreto, na maneira como eu lido com minha família, amigos, ímpios? Pelo meu conteúdo de informação, seja na tevê, livro, internet? Sejamos sinceros, nós não costumamos medir a nossa vida espiritual por nossos cultos nos templos?
            Quantas pessoas eu já não ouvi que estão decepcionadas com Deus, com a igreja, porque não tem oportunidade, porque não são obreiras, porque não são ajudadas...Quantos irmãos são ensinados a se destacar, a buscar isso e usar os dons que o Espírito Santo deu como ferramenta? Quantas vezes eu murmurei num culto por causa do pregador, de quem dirigiu, de quem cantou e levei essa murmuração para casa, numa espécie de farisaísmo manso, santo?
            Quantas vezes nós medimos nossos pastores, obreiros, lideres, cantores por seu desempenho num culto? Ficamos tristes porque um irmão ou irmã não meu deu paz do Senhor? Ou que fui repreendido? Ou que me senti triste (num culto? Sim, isso acontece e muito)?
            Temo que esse seja o motivo de haverem tantos shows gospel tomarem o lugar do culto. O que no final é coerente, porque se nossos cultos se tornam nosso centro de atenção, nada melhor que adaptar o púlpito para um palco e chamar nosso culto de show, já que é exatamente isso que fazemos, medimos os outros!
            Então, lendo os evangelhos, vejo Cristo, pregando, curando ensinando, fazendo um culto. Porque ele não criou um templo? Porque ele, simplesmente, deixava de pregar em desertos e ruas, e montava uma tenda, ou alugava um prédio e ensinava? Eu não estou fazendo apologia antidenominacionalismo, ou contra templos, comunidades. Estou tentando afunilar tudo isso para um principio: o principal culto da minha vida é no meu coração, na minha mente.
            Em João 4: 19 a 24 se encontra um dos textos mais deturpados e mal entendidos do cristianismo atual. Muitos adoradores (todo crente salvo é adorador, não existe distinção) usam este texto para motivar o povo a adorar, o que na verdade é pretexto para cantarem seus hinos. Se lermos o texto e contexto, veremos que somente há um ensinamento: a cruz de Cristo.
            Antes, a verdadeira adoração, o único lugar onde era aceito o culto a Deus era no templo. Fora dele, existiam sinagogas onde era ensinado, mas culto, somente no templo. Se a pessoa pecasse, ela tinha que sacrificar um animal, templo, oferecendo expiação pelo pecado, mediado por um sacerdote. Haviam dias específicos para adorar no templo, havia um ritual, uma maneira, um jeito e um lugar.
            Mas quando Cristo morreu por nossos pecados o véu se rasgou. A partir daquele momento, toda pessoa que cresse em Cristo e confessasse, seria salvo (Romanos 10: 9). Mas não somente isso, ela seria o próprio templo do Espírito (I Coríntios 3: 16; 6: 19). Isso significa em todo lugar ela mesma seria sacrifício de Deus (Romanos 12: 1), e ela própria seria agradável diante de Deus (II Coríntios 2: 14; Efésios 5:2). Não há nada num culto de templo que já não exista no meu coração, na minha vida.
            Então, para que congregar, frequentar uma igreja? Primeiro porque eu não sou perfeito. Há coisas em mim que precisam continuamente ser trabalhadas, ensinadas, edificadas, muitas vezes preciso ser repreendido, exortado, preciso de oração dos outros. Em I Coríntios 12 Paulo fala extensivamente sobre isso, mas quero destacar um versículo:
            Para que não haja divisão no corpo, pelo contrário, cooperem os membros, com cuidado, em favor uns dos outros.
II Coríntios 12: 25
            No capítulo 14, verso 12 está escrito que eu devo progredir, não para ser honrado, crescer, ser próspero, rico, ilustre, mas para edificação da igreja, ou seja, dos meus irmãos.
            Amados, creio que precisamos fazer uma profunda revisão sobre a importância do culto, não para destituí-lo de sua importância, mas da sua direção. Talvez, assim, possamos realmente crescer, e não nos incharmos.
            Que você acha? Por favor comente, quer criticando minha visão (talvez eu esteja precisando de sua crítica) quer repartindo a sua. Isso é igreja. É assim que crescemos em Deus, em Cristo.
           

            

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