sexta-feira, 5 de abril de 2013

Porque somos diferentes?


            Estou fazendo leitura diária das escrituras de modo sequencial, de Gêneses a Apocalipse, e hoje, ao ler Êxodo 33 me deparei com uma das narrativas mais marcantes de todo o velho testamento. Neste capítulo temos o diálogo de entre Moisés e Deus, sobre a tática pela qual Israel conquistaria a terra prometida. E a primeira decisão era: quem iria com o povo? Deus ou seu anjo (33: 2)?
            Qual a diferença? Com Deus o povo israelita tinha a promessa da vitória, contudo, sofreria a justiça de Deus caso se afastasse de seus caminhos, como ocorrera no capítulo anterior, ao fazerem um bezerro de ouro (Êxodo 32). Mas com o anjo, a promessa era apenas de vitória, e mesmo que a leis continuassem a existir, não seria Deus o executor delas. Em outras palavras: vitória garantida ou vitória garantida com a presença de Deus?
            Carnalmente falando, é obviamente melhor ter a garantia de vitória sem a necessidade de um comprometimento maior. Mais uma vez vemos aqui o que eu sempre entendo como a moeda de Deus: são situações pelas qual Deus apenas garante sucesso por causa da sua palavra, não necessariamente por sua vontade; ou seja, a moeda é de Deus, seu valor é o mesmo. Quando lemos uma promessa na bíblia e nos apropriamos dela, tomamos posse (como muitos gostam de dizer) não significa que necessariamente aquela é vontade de Deus para nossa vida.
            O exemplo do dízimo e oferta. Não estou dizendo aqui que ofertar e dizimar não são vontade de Deus; claro que é. Mas é possível uma pessoa se manter fiel nisso, prosperar, mas ainda assim não conhecer a vontade de Deus. Outra história que segue essa linha é a de Jó: homem justo e fiel diante de Deus, mas de fato, não conhecia a Deus (Jó 42: 5). Deus não tem compromisso com nada e ninguém além de sua Palavra. Por isso que Cristo não usou de sua autoridade como Filho de Deus contra Satanás no deserto (Mateus 4: 1 a 11; Lucas 4: 1 a 13).
            Quando usamos a palavra de Deus para requerer, pedir, Deus geralmente não nos diz não. Se eu dissesse isso num púlpito, a igreja pularia. Jesus é explicito ao dizer: Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi; e vos envieis, para que vades e deis frutos, e vosso fruto permaneça afim de que tudo quanto o pedirdes em meu nome meu Pai vos conceda (João 15: 16). Nós podemos pedir, ele nos incita a pedir: batei...pedi...buscai... (Mateus 7: 7; Lucas 11: 9). Cristo também pediu, mas suas petições sempre estiveram debaixo de uma lei: a vontade de Deus (Mateus 26: 39; Marcos 14: 36; Lucas 22: 42). Aliás, é interessante notar que quando Cristo pedia algo a Deus, geralmente o fazia pelos outros. Essa foi a tônica da oração sacerdotal (João 17).
            Muitas pessoas se frustram na igreja, com promessas de casamentos restaurados, questões familiares resolvidas e doenças curadas, mas quando não chegam ao resultado esperado, desanimam, muitas vezes até mesmo saindo da igreja, exatamente por não conhecerem a vontade de Deus. Muitos dizem: Mas a vontade de Deus é que todos sejam curados, que problemas sejam resolvidos, barreiras sejam quebradas! Mesmo? Então Cristo morreu na cruz simplesmente para nos dar uma vida tranquila?
            É claro que, mesmo que Deus resolvesse todos os nossos problemas, nós ainda teríamos cara de pau de pedir mais coisas, como se colocando Deus na parede. Moisés, homem manso e sábio, não queria somente vitória. Ele disse mais ou menos o seguinte: Deus, tu fizeste tantos milagres, mas o que realmente nos diferencia das outras nações não é o teu poder ou que fazes por nós, mas pelo que nos transformamos junto de ti. A nossa diferença é a tua presença! (33: 16). A presença de Deus no meio do arraial trazia a todo povo uma santidade impossível de ser atingida por vitórias e batalhas travadas.
            Paulo usava termos como não vivo mais eu, mas Cristo vive em mim, revestir-se de Cristo, mente cativa a Cristo, ter o mesmo sentimento de Cristo por que simplesmente ele compreendia a verdade do evangelho não era um conjunto de regras ou ensinos, mas sim uma pessoa, Jesus Cristo. Quando uma pessoa começar ter pensamentos parecidos com Cristo, com emoções que provocam atitudes parecidas com a de Cristo e passam a se relacionar com o mundo e as pessoas ao seu redor, seja cultural ou sociologicamente como Cristo fez, ela passa a ser a presença de Deus onde estiver, simbologia que arca representava.
            Irmãos, e esta a vontade central de Deus, nossa santidade, e sem ela nós nunca veremos a Deus (I Tessalonicenses 4: 3; Hebreus 12: 14). A nossa mentalidade precisa ser parecida com a de Moisés. Ter a presença de Deus vai muito além de uma vitória, representa nossa identidade.
            

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