sábado, 27 de abril de 2013

Eu Tenho Fé



            Tenho pedido a Deus mais fé. Em Lucas 17: 5 os apóstolos pediram que Deus aumentasse a fé deles. Eu sempre imaginei que a fé, como semente, pudesse crescer. Mas ao ler o texto mais algumas vezes percebi que não foi o que Cristo disse. Ele não disse “Se vocês começarem com uma fé do tamanho de uma semente de mostarda...” Ou algo semelhante às comparações do reino, que quando cresce serve de repouso para aves (Lucas 13: 18, 19). Aliás, em Lucas Cristo traz a mesma semente, de mostarda, para mostrar o reino dos céus e fé; mas somente no reino dos céus é que a semente cresce. Por quê?
            Então, dias desses, trabalhando e pensando nisso, o Espírito me chamou a atenção para uma coisa: Em Hebreus 11: 6 está escrito que “aqueles que buscam a Deus devem crer que ele existe e é galardoador daqueles o buscam...” A questão é: ninguém busca a Deus se não tiver fé, pois os que não creem buscam outras opções, outros deuses. Mas o que se aproximam dele o fazem porque tem fé. Ter fé é a convicção das coisas que não se veem e esperança daquilo que ainda não veio (11: 1). Ou seja, basta a fé. A achemos grande ou pequena, não importa, desde que se achegue a Deus. Então entendi uma coisa: fé é semente que cria raízes, porque o que cresce é o reino dos céus na minha vida!
            Ter muita fé significa simplesmente que confiamos em Deus pela sua palavra. Quando os discípulos eram repreendidos por ter pouca fé era somente quando eles olhavam a situação em si e não a Cristo. Pedro, enquanto olhava a Cristo, aumentava a sua confiança e andava sobre as águas, mas a partir do momento que desviou sua atenção para o vento ou as ondas, começou a afundar (Mateus 14: 28,29,30). O que deve aumentar é a nossa confiança em Deus. Isso não significa que o que eu pedir com muita fé vai acontecer ou crescer, mas se eu depositar em Deus esta fé, o seu reino crescerá, e descansarei Nele, não no meu pedido.
            Eu sei. Isso vai contra muitas coisas que são ensinadas por muitos. Mas pense: porque Jesus, ao comparar o reino dos céus, a sua palavra como semente cresce, mas com a fé fala que é do tamanho real que ela opera? Porque a semente da fé não cresce (Mateus 17: 20)?
            Existe uma lógica espiritual nisso: a glória de Deus. Se tudo que eu pedir, simplesmente acontecer, vou parar de confiar em Deus e me acharei suficiente. Mas quando minhas petições ficam em Deus, significa uma troca: eu deposito confiança na sua palavra, e ela, por sua vez, cresce, multiplica, frutifica! Então, como o passar do tempo, aprenderei o principio real de comunhão com Deus: confiança. Porque você acha que Abraão foi justificado pela fé? Porque ele confiou em Deus e na sua palavra. Não nos seus desejos, no seu querer.
            Então entendo que crescer na fé significa que minha confiança em Deus me faz forte em Deus, e não na minha fé em si (Tiago 4:7). Ir contra as hostes somente com fé me fará ser destruído. Minha fé é escudo (Efésios 6: 16) exatamente porque representa nossa confiança, tanto é que a espada, que realmente fere o inimigo, é a palavra usada pelo Espírito de Deus (Efésios 6: 17).
            Amados, temos que parar com essa história de querer aumentar nossa fé através de panos ungidos, águas e outras coisas. Fé, fora de Deus, é idolatria. Creio que muitos dos artifícios usados por muitas igrejas disfarçam uma realidade triste: as pessoas não querem ter fé em Deus, e sim, nas suas petições e desejos. Isso se chama confissão positiva, a’lá O Segredo. A própria palavra ensina que fé vem pelo ouvir a palavra de Deus (Romanos 10: 17). Qualquer fé que seja depositada em outro lugar é vazia e demoníaca.
            Se quisermos fé genuína, devemos entender que nosso papel é apenas semeá-la na palavra. Cada vez que abrimos as escrituras, é como se Cristo estivesse dizendo: Eis a semente. Confie. Apenas confie. Entregue os teus pedidos a Deus e confie. A promessa das escrituras é ele guardará a nossa esperança, os nossos sentimentos, em Cristo Jesus (Filipenses 4: 6,7).
           
            

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Crescendo entre espinhos



            Tenho procurado ler o Novo Testamento em ordem, e no momento estou lendo o evangelho de Lucas. Hoje, uma porção me deteve: o capítulo 8, versos 9 a 15. A explicação da parábola do semeador é semelhante em Mateus e Marcos. Mas a descrição de Lucas sobre a semente que cai num terreno cheio de espinhos é diferente num ponto: nos outros evangelhos não há frutos, enquanto aqui o termo é que os frutos não amadurecem. Quer dizer a mesma coisa, mas Lucas, mais calculista, precisou o ponto exato para obtermos uma melhor compreensão. As palavras usadas para descrever a situação dessa pessoa são bem úteis: sufocados com as preocupações do mundo, com riquezas e deleites. Vamos analisar cada um desses impedimentos.
            O original da palavra sufocado é literalmente totalmente estrangulado. Uma pessoa tão sufocada pelas preocupações dessa vida que não tempo, espaço, para uma perfeita frutificação. Eu sei que hoje em dia, no tempo da internet, dos celulares e redes de amizade virtual, todos estamos, de certa forma, sufocados. Trabalho, família, igreja, escola, namoro, amizades, tarefas domésticas, finanças... Todos temos essas preocupações e o espaço de tempo além de curto, é escasso. Mas vemos que aqui não é somente necessário tempo, mas também foco.
            Quantas pessoas conseguem ir a um culto, ler a bíblia e meditar, de maneira que todas essas outras coisas fiquem a uma distancia razoável, para que possamos pelo menos arrazoar como está a nossa vida espiritual? Falando com alguns irmãos da minha igreja local, a reclamação, ou melhor, a resposta é sempre a mesma: não há tempo, e quando sobra um pouco, é dedicado ao descanso e lazer merecidos. Eu não estou dizendo em sacrificar este tempo, que é necessário (Jesus frequentava jantas e festas, é só você procurar). Mas todos nós se quisermos frutificar de forma eficaz precisamos tirar um tempo para meditar na palavra. Se a semente é a palavra (como Cristo afirma) significa que demanda tempo, trabalho e paciência para vê-la frutificar.
            Uma coisa que tenho feito, como exemplo, é repartir o período de intervalos entre refeições para ler alguma porção das escrituras. Por exemplo, saio de manhã cedo para trabalhar, e antes de sair, leio um capítulo da minha leitura proposta (no caso, o Novo Testamento). Apenas leio, não há tempo para meditar. Ao meio-dia, volto a ler mais uma vez e durante o tempo de descanso e almoço leio algum estudo bíblico, procuro por mensagens curtas mas objetivas na internet (procure, há muitas coisas boas e espiritualmente saudáveis). E depois do trabalho, separo um tempo para conversar com minha família, dar atenção. E então, depois de jantar, volto a ler a porção que havia lido de manhã. Claro que leio mais depois, mas procuro nunca deixar pontas soltas, ou seja, releio o capítulo e passo para o próximo. Medito, se há alguma dúvida, procuro solucioná-la em livros, na internet, bíblias de estudo que tenho no pc. Então, depois, vou ao berço, ainda meditando. É claro que a oração é necessária antes e depois do estudo. Na realidade, tenho aprendido que a melhor maneira de absorver os ensinos das escrituras é inicia-lo com oração e termina-lo com oração.
            É óbvio que não é plano fixo, duro. Tem dias, principalmente das famosas e necessárias horas extras que estou tão cansado que apenas leio um pouco, oro e vou dormir. Mas ultimamente, isso não tem acontecido. E sabe porque? Porque, naturalmente, a oração e a palavra me fazem buscar mais. Quero aprender como andar como Cristo: como ele enfrentaria os empecilhos que eu passo, se meus sentimentos, ainda mais os ruins, estão sendo moldados conforme a palavra, ou se meus pensamentos tem sido ocupados por coisas boas, agradáveis ao Senhor. Preocupações, todos temos. Sejam elas da igreja, família, finanças, amigos, relacionamentos, projetos e desejos. Mas quando começamos a incluir a palavra de Deus na nossa vida estas coisas não desaparecem, mas se tornam, incrivelmente, meios pela qual a graça e misericórdia de Deus se manifestam na nossa vida. E isso é fruto da palavra, que vai amadurecendo aos poucos, mas consistente e perseverantemente.
            O termo seguinte é riquezas. Eu sei que esse assunto é desgastante, ainda mais com a proliferação do evangelho de prosperidade. Infelizmente, até mesmo as igrejas têm deixado seus sermões com pendência para isso. E biblicamente, é errado. Não existe evangelho de prosperidade, existe o evangelho de Cristo. E em relação a isso ele é bem direto: é impossível servir a Deus e às riquezas (Mateus 6: 24). Todos nós precisamos de dinheiro, para tudo é necessário dinheiro. E é claro que quanto mais dinheiro, mas poder, maior a capacidade de se obter coisas. Mas até que ponto essa riqueza pode se tornar um empecilho para o fruto da palavra? Creio que a resposta seja exatamente essa: quando o fruto que desejamos é a riqueza.
            Quando usamos a palavra de Deus para qualquer outro fim que não seja a promoção da glória de Deus estamos semeando na carne. Em Gálatas 6: 8 Paulo ensina que o que semeia coisas para agradar sua própria carne dela semeará corrupção. O texto original diz o seguinte: o que semeia para sua própria carne. Amados, sejamos sinceros: alguém quer riqueza para glorificar a Deus realmente? Eu creio que Deus pode abençoar os crentes de maneira que eles possam viver de maneira digna e tranquila. Mas o grande problema da sociedade hoje não é falta de dinheiro: é o consumismo.
            Pare e pense: a luz das escrituras, você já não vive bem? E quando digo bem, falo de roupas para vestir, comida para comer? Todos nós gostamos dos mimos da tecnologia e conforto, e creio que não seja pecado desejar isso. Eu estou me preparando para tirar minha carteira e comprar minha moto (finalmente). Ainda que isso seja mais necessário do que qualquer outra coisa, tenho aprendido a confiar em Deus, na sua provisão. Eu trabalho, ganho o suficiente para pagar contas e projetar meu futuro. No momento, o meu futuro para este ano é esse: carteira e moto. Depois, quero me planejar para comprar meu terreno e casa, mas quem sabe até lá Deus não me prepara uma Rebeca (amém!)? Esse não é o problema. Mas será que meu anseio, desejo por coisas materiais não tem sido empecilho para minha busca a Deus? Ou pior, não são esses desejos que motivam buscar a Deus?
            Esse não é um problema exclusivo. Mais uma vez: é triste, frustrante, ver uma igreja que deveria estar formando cristãos moldados pela palavra encorajando crentes na busca de riquezas e confortos. O pior é saber que, por não ter sustentabilidade neo-testamentária utilizam o velho testamento, prendendo crentes num jugo que foi quebrado por Cristo. Amado, se você tem se frustrado por não ter coisas que os outros tem, ou mesmo por não possuir condições que você julgue necessário para seu viver, convido a você crer na providência divina e trabalhar e batalhar por estas coisas com uma perspectiva divina, onde todas as coisas, inclusive essas faltas e necessidades, cooperam para o seu bem, para conforma-lo a imagem e semelhança de Cristo (Romanos 8: 28, 29).
            O terceiro termo é mais sutil, mas extremamente profundo: os deleites da vida. O que seria isso? No sentido aqui quer dizer luxuria, prazer sensual. Não apenas em relação ao sexo, mas ao modo de viver secular. Significa se encantar com modo como o mundo vive e sua filosofia, suas práticas. Significa, digamos, mundanizar. Os deleites da vida são uma maneira de você tentar viver o evangelho e o mundo ao mesmo tempo, ou pior, tentar introduzir o secularismo na igreja. Isso produz implicações muito mais que pessoais: isso muda a cultura de uma igreja.
            O salmo primeiro fala de conselho dos ímpios. Este termo se refere a todos que não fazem parte do pacto com Deus feito entre os descendentes de Abraão, Isaque e Jacó. Todos os que não eram circundados. Por isso Davi chamou de incircunciso o gigante Golias. A questão é: haviam pessoas boas fora de Israel, pessoas integras, sinceras, corretas. Aliás, há um livro judeu dedicado a uma ímpia: Rute. No novo testamento, Paulo era fariseu mas profundo conhecedor da cultura pagã da época, o helenismo. Então, qual é o problema? Até que ponto modo de pensar secular é proveitoso para vida do crente?
            Esse é um ponto bastante polêmico que sempre causou discussões e divisões em igrejas pelo mundo todo. Não há uma resposta única, porque muitas práticas que hoje para nós são comuns, como bateria e guitarra dentro da igreja, e mais recentemente, danças e coreografias, eram coisas pecaminosas para muitos. Os chamados shows gospel ainda são tema de discussão e maneira como a música tem sido propagada no meio cristão tem influenciado um povo que deveria ser influenciado pela palavra.
            Afora isso, as mensagens e pregações humanistas, antropocêntricas tem tomado o lugar da cruz de Cristo, da oração, de uma vida piedosa. A teologia tem sido marginalizada, sendo trocada por estranhos moveres e unções. Estamos preferindo a experiência preterindo a confiança das escrituras. E mesmo tarefas que deveriam ser fundamentadas pela bíblia, como o evangelismo e ensino, têm sido inundadas pelo pragmatismo cristão que enfatiza dons e números e pouco trabalha a fundamentação espiritual baseada numa fé racional. Muitos acham que o racional é oposto ao espiritual, quando é exatamente o contrário. Pedro nos incita a responder com mansidão a razão da nossa fé (I Pedro 3: 15). É exatamente por crermos num livro confiável, correto, íntegro, que nossa fé cresce. Não cremos em contos de fadas, mas em Deus vivo e Santo que um dia voltará! Cremos que sua obra enaltece o caráter, o amor. Teologia não é conjunto de regras e métodos: é o único meio pelo qual podemos conhecer a Deus!
            O que não podemos misturar é o racional secular, baseado em números, prospectos, planejamentos e grandiosidade, e menosprezar que a igreja não é mercado ou loja, mas um organismo vivo que preza por santidade e incorruptibilidade. Isso significa que nem tudo que funciona no mundo funciona na igreja. E essa mentalidade que tem tomado nossas igrejas e lideres, que veem o povo como números para serem acrescentados mais números tem se alastrado e tem adoecido muitos que querem simplesmente viver para Deus, através de uma vida tranquila, comum. Isso não significa parada, preguiçosa, mas uma vida onde nossa verdadeira paz repousa em Cristo e não em nossas realizações e projetos (João 16: 33; Efésios 2: 14). Nossa verdadeira preocupação máxima deveria ser frutificar, não somente salvando vidas, mas crescendo em graça e conhecimento (II Pedro 3: 18), em santificação (I Coríntios 1: 30; II Coríntios 7: 1; I Tessalonicenses 4: 3), e humildade (Mateus 18: 4; Romanos 12: 16; Filipenses 2 : 3).
            Ainda que não existam respostas definitivas em relação a este mundanismo, quero acreditar que se isso tem nos tornando infrutíferos, precisamos rever alguns conceitos entre o aceitável e o inaceitável dentro das nossas igrejas. Frutos aqui não são números apenas. Nossas igrejas são cheias pessoas más, problemáticas, orgulhosas, maldosas, vingativas e doentes emocionalmente e espiritualmente. Dentre essas pessoas estou eu. E a única forma de nossas vida frutificarem em Cristo é semeando a palavra de forma que minha vida seja um bom terreno. Dou graças porque Cristo não nos deixou órfãos: que o Espírito Santo nos prepare para que recebamos a palavra com fé e mansidão, de forma que frutifiquemos a dez, cinquenta ou cem.
           
           
           
           

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Não Ameis o que há no Mundo


            Nunca gostei de pessoas que usam frases bíblicas com objetivo de manipular ou humilhar pessoas. Mas hoje, melhor, agora à tarde, o Espírito Santo me trouxe a lembrança um versículo bem conhecido e que me faz recordar de pessoas assim: Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele (I João 2: 15). Não amar o que há no mundo sempre foi a maneira como muitos pastores e líderes corroboravam sua aversão e contrariedade a coisas que a cultura trazia.
            Luz, rádio, televisão, internet. Foram coisas que as igrejas repudiaram, dizendo serem coisas demoníacas. Em geral, há algum tempo atrás, essas novidades (incluindo o termo gospel) eram rechaçadas ou no mínimo evitadas, sob o estandarte de que o crente não podia amar o que havia no mundo, então, tudo que viesse dele era abominável.  Luz não tem comunhão com trevas também era muito usado.
            Agora, 2013, as coisas estão diferentes. Nós amamos o que está no mundo e tudo o que ele oferece. A visão agora é a visão de Israel, de Abraão, de Davi e outros tantos conquistadores. Comeremos o melhor dessa terra...será por cabeça e não por cauda...você nunca irá além de seus sonhos...crente não pode prosperar, ele têm que prosperar...não faz mau você querer melhorar de vida, desde que seja para a glória de Deus...os ímpios tem que ver que crente também prospera...amado, declare que a benção é sua, em nome de...eu não sou dono do mundo, mas sou filho do dono...não tem problema você usufruir aquilo que tem de bom no mundo, desde que não te domine...
            Notou alguma diferença?
            Então, afinal, ou Deus mudou de visão ou tem algo errado, ou não? Quem está certo? Os que abominam o que há no mundo, ou que usam o meio termo, com propósitos eternos mas com visão terrena?
            Sinceramente, eu não sei. Nem vou dizer que possa haver um meio-termo, uma maneira de você conciliar as duas visões, porque acho que não tem. Mas percebo, por experiência que estou vivenciando, que quando vivemos para Deus, de maneira que nossos pensamentos busquem somente obedecê-lo, percebo que esse tipo de discussão não traz nenhum beneficio. Isso porque, quando nosso coração se dispõe a fazer a vontade de Deus, certas coisas simplesmente não nos chamam mais a atenção. Não é que seja pecado, errado, e muito menos que não possa usufruir (ou tenha que usufruir) de coisas que há no mundo. Elas simplesmente não me chamam a atenção.
            Há algumas semanas atrás, minhas idas a internet se resumiam a olhar filmes, seriados, baixar softwares (sou meio metido a técnico) e jogar. Pouca pesquisa sobre assuntos da bíblia, de vez em quando via uma ou outra mensagem, e tudo isso era resultado de uma vida acomodada espiritualmente. Sim, eu ia a igreja, participava de algumas coisas, e ainda tinha aquele ar de sabedoria. Aparência. Eu não cometia grandes pecados, e os pequenos eram simples, bobagens. Eu não me considerava um crente carnal, porque tinha já uma maturidade para estabelecer e manter princípios. Mas, de um modo geral, era igual a muitos.
            Então, tive mais um daqueles encontros com Deus. Todos nós passamos por períodos de marasmo espiritual, e, de repente, Deus dá uma soprada do Seu Espírito e passamos a voltar ser crentes de novo. Sabe, voltamos a orar, ler bíblia, se preocupar com vida espiritual nossa, dos outros, da igreja...
            Mas desta vez, foi diferente. Porque não foi algo bombástico. Não foi numa chuva de pentecostes, como muitos pregadores gostam de chamar. Na realidade, foi um conjunto de uma profecia dirigida a mim, a curiosidade de sempre estar lendo, buscando algo novo (isso faz diferença) e uma conversa de mais de quatro horas com um judeu cristão (que havia pregado na congregação). Não foi algo emocional, porque isso vem e desaparece em dias. E também não foi uma simples iluminação divina. Foi uma espécie de quebra-cabeças que esteve se montando em 10 anos de conversão e foi, de maneira racional e espiritual, finalizada de modo que eu não mudei, simplesmente passei a entender que precisava ser mudado. Essa “finalizada” não significa que estou perfeito e sei de todas as coisas, mas agora tenho convicção de muitas, muitas coisas.
            Dez anos sendo liderado por homens e mulheres de Deus e cada um, a seu modo, me ajudando a entender o que é evangelho. Situações e problemas que hoje vejo que faziam parte do aprendizado para chegar até o entendimento que cheguei hoje. Não é o máximo, com certeza, mas, como Albert Einstein dizia uma mente, quando cresce, nunca mais volta ao seu estado anterior.
            Detalhe: eu simplesmente entendi o que é evangelho. Eu ainda tenho muitas dúvidas, sei que haverão muito mais delas, e sei que muitas das minhas verdades hoje podem ser pulverizadas ou testadas pelo calor da prova. Eu não sou grande coisa, digo, uma grande homem de Deus. Sou jovem ainda, tentando chegar ao ministério. Mas hoje posso afirmar com total convicção o que é evangelho, porque ele veio e qual a principal finalidade dele. Eu já sabia. Eu amo teologia. Mas é muito diferente quando essas verdades arrombam seu coração de maneira que você simplesmente não consegue mais pensar, ver, andar, sentir, viver sem tem essa visão: evangelho.
            Criei esse blog simplesmente para repartir minhas descobertas dessa boa nova. Sei que existem pontos que precisam ser trabalhados por Deus na minha vida e que, ao escrever, posso me ver, a maneira como progrido nos pensamentos, e compara-los com a palavra de maneira que possa corrigir os erros que vou cometer. Isso é o que me importa.
            Acho que agora deu para entender porque o que há no mundo simplesmente não interessa. Fui confrontado de maneira tão profunda que não consigo sequer pensar no meu depois (digo, no instante que terminar este post) sem me perguntar: Deus, e agora? SOU ESCRAVO. E, se estudarem um pouco, descobriram que pouco tempo tinham os escravos para pensar em alguma coisa que não que fosse: em que posso agradar meu senhor?
            Não amar o mundo, é simplesmente, amar a Deus.
           
           
           
            

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Porque Desanimamos na Oração?


            Uma das maiores necessidades de um cristão que deseja andar com Deus, junto com o estudo da palavra, é a oração. Quero trazer neste post algumas coisas que tenho aprendido, e quero tocar no ponto mais falado: a falta de perseverança em orar.
            Eu sempre tive problemas, não em orar, mas manter uma vida de oração. Li livros, pregações de oração, músicas que incentivam a orar, estudos, enfim, em termos de conhecimento, sempre busquei, e continuo a buscar inspiração para orar. Mas em algum momento, não sei se por cansaço, por preguiça, ou por perder força e foco, desanimo. Antes orava uma hora, tempo que vai minguando até minhas orações se tornarem simples repetições. Isso quando não ficava dias, semanas sem realmente buscar a Deus em oração.
            E conversando com mais jovens, e mesmo os irmãos e irmãs mais maduros, a história é parecida; parece que poucas pessoas conseguem manter uma vida de oração. Alguns até somente lembram de orar ao chegar ao culto. Por quê? Um dos motivos é que não sabemos o motivo de orar e erramos porque geralmente oramos de forma equivocada. Quero trazer à lembrança a oração mais conhecida, o Pai Nosso, e demonstrar porque erramos e, por consequência, temos uma vida de oração fraca ou inexistente.
            As passagens encontram-se em Mateus, capítulo seis a partir do verso nove, e em Lucas capítulo onze, a partir do verso dois. As duas situações são um pouco diferentes, pois Jesus ensinava muito em vários lugares, de maneiras e situações diferentes, sendo que muitas das passagens entre os evangelhos existem diferenças de lugares e momentos. Em Mateus, o Pai Nosso faz parte do sermão da montanha, enquanto em Lucas é feito uma pergunta, um pedido.
            Creio que o principal motivo de muitos não persistirem em oração seja porque suas orações sejam sustentadas por propósitos. Nossas orações precisam de objetivos, mas elas não podem ser sustentadas por eles. Vou dar alguns exemplos:
            Estamos desempregados. Queremos um emprego e nenhuma porta parece se abrir. O que fazemos? Fazemos uma campanha na igreja, jejuamos, fazemos propósitos com Deus, dos mais variados, oramos e perseveramos até que, um dia, uma porta é aberta. Somos admitidos, e até testemunhamos na igreja, acreditando que mais pessoas serão motivadas a orar. E depois? Sabe que este é um dos motivos porque acho que fazer as tais correntes de terça-feira mais aprisionam que libertam. É opinião pessoal: não deveríamos ter cultos de ensinamento, de jovens, de irmãs, disso ou daquilo. O culto é um só, direcionado a Deus. Eu sei: isso é para direcionar o povo, talvez um novo convertido incauto entre num daqueles cultos que Deus dá um puxão de orelhas...mas e daí? Só porque é culto de terça Deus não pode usar o pregador para repreender o povo?
            Este não é o ponto. Usei o fato de correntes, propósitos por serem úteis, mas não são capazes de suster oração. Isso porque há dois caminhos: o alcance da petição ou a frustração. O assunto é o mesmo de pessoas que oram anos por conversão de alguém. Ou o objetivo é alcançado ou a pessoa acaba até mesmo desacreditando em Deus.
Nossas orações não podem ser sustentadas por propósitos. Mas Deus não quer que eu conquiste? Deus não quer eu trabalhe e que minha família seja salva? Que eu tenha isso, aquilo, e aquela outra coisa? Repito: não estou dizendo que não podemos fazer propósitos com Deus ou como queira chamar. Apenas alerto para o fato dessas coisas não terem força para nos suster diante de Deus.
            Então a pergunta é: o que pode sustentar a minha vida de oração? Como perseverar, persistir, mesmo depois de ter bênçãos alcançadas, mesmo que as coisas não aconteçam, mesmo que eu não chore, ou sinta Deus? Como conseguir dobrar os joelhos e fechar os olhos sem ter aquele momento de incerteza, insegurança, como se faltassem palavras? Como ter forças para lutar contra o mundo espiritual, onde anjos e demônios lutam (lembram de Daniel?) e não sucumbir ao cansaço, desanimo, sono, preguiça?
            Guarde isso no coração: nossa oração dever ser baseada em princípios e não em objetivos. Falei no outro post sobre isso, sobre como os princípios norteiam nossas escolhas e decisões. Pois bem, quando oramos, não por causa de situações, mas por um principio firme e definido, nossas orações passam de simples petições para um hábito espiritual; não se baseia no exterior, mas é fortalecido pelo interior. Então, vem a seguinte pergunta: existe algum principio mor, aquele inabalável, pelo qual sempre podemos nos firmar diante de qualquer circunstancia?
            Sim. São dois princípios, um ligado ao outro, sendo que, se um for colocado a margem, deixado de lado, o outro perde totalmente a essência e valor. Voltemos ao Pai Nosso:
            Pai nosso que estais nos céus, santificado seja teu nome...
            Eu sempre achei que este santificado seja teu nome fosse uma simples afirmação, petição. Mas descobri que este verbo, santificar, neste texto, é igual ao Sejam batizados de Pedro, logo após a pregação depois do pentecostes (Atos 2: 37,38). Qual o contexto? Na passagem de Atos, os que creram perguntaram o que precisariam fazer para alcançar salvação. A resposta de Pedro foi uma imposição. Não era um pedido, não era uma pergunta. Era como se perguntassem: Qual o Caminho? E Pedro mostrasse: Essa porta.
            A minha oração deve se basear no principio de que Deus seja santificado na minha vida. Pai Nosso (Pai meu) que estás nos céus, santificado seja teu Nome (santifica em mim o teu Nome). A minha oração deve produzir o santificar de Deus na minha vida. Significa que todo o restante da oração (o pão nosso, perdão de dívidas, não deixar cair em tentação), tudo isso tem um único proposito: santificar Deus na minha vida.
            Pedro escreveu uma carta a crentes estrangeiros em vários lugares da Ásia, e diante da eminencia de uma perseguição, Pedro diz: Mas também, se padecerdes por amor da justiça, sois bem aventurados. E não temais, com medo deles, nem vos turbeis; antes, santificai ao Senhor Deus em vossos corações, e estais sempre preparados para responder com mansidão e temor, a qualquer um que vos pedir a razão da vossa esperança. I Pedro 3: 14,15.
            Em outras palavras, o propósito da minha oração, o cerne, deve ser a minha santificação.
            Venha a nós vosso Reino, seja feita a tua vontade assim na terra como nos céus.
            Minha oração deve ser um desejo profundo de que o reino de Deus seja estabelecido na minha vida de tal forma, que a Sua vontade seja feita na minha vida, conforme seus planos. O texto diz o seguinte: que a tua vontade seja feita aqui como é feita nos céus. A minha oração deve ser baseada no principio de que a sua vontade seja feita acima da minha. A minha submissão a Deus é total e completa, tanto que, estou pronto a rejeitar a minha vontade (Lucas 9: 23) e aceitar e obedecer a sua.
            Eu sei que onda do momento é declarar profeticamente, determinar, e outras mil maluquices. Mas se, como cristão, devo colocar a vontade dele acima da minha, quem sou eu para determinar alguma coisa? Isso é anti-bíblico. Eu sei de onde vem esta corrente, e também sei que veio dos mesmos pensadores que praticamente acabaram com as igrejas na Europa, hoje chamadas de Dead Churches (Igrejas Mortas). Isso é Confissão Positiva, nova era. A única maneira da minha palavra ser a Deus é ela vir da Bíblia. Do contrário, podem inventar mil unções, explicações bíblica do velho testamento, mas para mim não cola. Um crente verdadeiro crê em profecias, crê no mover do Espírito, mas seu guia, sua iluminação é baseada na bíblia e não em gurus de declarações.
            Infelizmente, muitos ensinam que o pedir, buscar, bater, envolve coisas que queremos, desejamos. Mas se nossa oração não se baseia nestes dois princípios, estamos errando. E como conhecer a vontade Deus? Repito: uma oração sem profundidade bíblica provém do coração, que é enganoso e mau. Uma oração cheia da palavra (e com os princípios corretos) gera poder de Deus. E primeiro a experimentar esse poder sou eu, pela santificação da minha vida.
            O que é santificar a Deus? Colocar-se no lugar devido e reconhecer a que se está dirigindo. Uma oração que ilustra bem isso é a oração de Esdras 9. Leia. O que é fazer o reino dos céus se estabelecer na minha vida? Obediência a palavra (Mateus 7: 24 a 27).
            A transformação de caráter, de vida, de atitudes e pensamentos começa, continua e termina com a santificação. E se nossa oração não produz santificação, nos tornamos carnais, imaturos, muito parecidos com os judeus que caíram no deserto.
            Amado, faça da sua oração simplesmente um ato fé, baseado nos princípios em que Deus seja glorificado na tua vida na forma como ele quer, e não da forma como você deseja. Creio que isso é um bom inicio para um verdadeiro avivamento pentecostal.
            

terça-feira, 9 de abril de 2013

Paradigmas


            Para quê fomos chamados?
            A vida é feita de parâmetros, paradigmas, princípios. Todos nós temos isso incutido na nossa mente e é por esses parâmetros que analisamos situações, pessoas, lugares, escolhas e tomamos nossas decisões. Por mais que sejamos emocionais, voláteis, ainda que sejamos muitas vezes irracionais, no final das contas, são nossos princípios, sejam eles certos ou errados, que determinarão nossas atitudes, anseios, alvos, projetos.
            Isso depende de vários fatores, mas geralmente nossos princípios são criados por educação, seja pelos pais, avós, tios, pelo ensino, e por experiências marcantes, acontecimentos que acabam servindo de exemplo até o fim de nossas vidas. Se temos medo de altura é por que provavelmente passamos por maus bocados por causa de altura. Se somos propensos a timidez ou a autoestima elevada, provavelmente ela foi criada na nossa infância, por nossos parentes e amigos.
            Isso não é o nosso caráter, mas é por nossos princípios que manifestamos que somos. Caráter é algo mais profundo, envolve todos os princípios e ainda adiciona as coisas que aprendemos durante a nossa vida. Por isso podemos dizer que uma pessoa pode sim mudar de caráter, ainda que muitos princípios possam permanecer. Uma pessoa tímida por se tornar uma pessoa desenvolta, ativa, mas muitas vezes ela deixa resquícios dessa timidez, muitas vezes enclausurando seus pensamentos e sentimentos em si mesma.
            Eu não sou a favor do uso da psicologia nos púlpitos, para pregar, para ensinar, e até mesmo para explicar certas passagens. Isso é querer colocar oceano num copo d’água. Mas fui obrigado a usar da psicologia para aprofundar um pouco o tópico acima, porque no final das coisas, muitas vezes não compreendemos porque tomamos certas atitudes contrárias ao senso lógico. Achamos que tudo envolve diabo, demônios, trabalhos de macumba, e acabamos por demonizar nossa própria natureza, o que acho pior. Defendo a psicologia até certo ponto, mas no momento que ela procura explicar o sobrenatural, atribuindo tudo ao organismo, ao nosso cérebro, desacreditando que o mundo sobrenatural está acima disso, e tenta substituir princípios bíblicos por frases motivacionais ou regressões, creio que estamos trocando a justiça de Deus, Cristo, por nossos trapos de imundícia.
            Então chego ao ponto que queria: há muitas, muitas pessoas mesmo que tentam usar seus princípios, paradigmas, para justificar seu chamado. Pessoas que veem no seu modo de pensar, de agir, de planejar, como algo que caminha lado a lado com a vontade de Deus, dizendo que Deus o salvou porque ela é assim ou assado. Acham que sua intrepidez, astucia, visão, coragem, capacidade de liderar, são usados por Deus da maneira que eles acham melhor. Estamos reduzindo o evangelho, que é poder de Deus, a pessoas com suas capacidades humanas e mentes humanas tentando fazer o sobrenatural que só Deus pode fazer.
            Eu não estou dizendo que Deus não usa nosso potencial e conhecimento, experiência e sabedoria. Olhe para Paulo (Filipenses 3: 4 a 6). A questão é quando tentamos usar nossos princípios mundanos, humanos, carnais, para caminhar na vida cristã. Usar meios e artifícios escusos (tenho que falar de cd pirata, baixar coisas proibidas por direitos autorais), mesmo que por motivos espirituais, é deitar vinho novo em remendo velho (Mateus 9:17).
            São pequenas coisas que mancham nossa caminhada e podem, com o tempo, se tornarem brechas para erros ainda maiores. Mas o maior erro é viver a vida cristã com um foco natural. Estou falando daqueles que resumem sua vida espiritual a ministérios. Oram porque pregam, cantam, lideram, ensinam, fazem coisas. Quando resumimos o evangelho aos nossos propósitos pessoais, ainda que estes sejam espirituais, acabamos, aos poucos, perdendo a visão central.
            No livro Samuel está descrito um cenário terrível: Eli, sacerdote, estava com os olhos já obscurecidos e quase não enxergava. Ele não via as maldades de seus filhos, e já não tinha vigor e visão para corrigi-los. Ele era um sacerdote carnal, que já conhecera a Deus, mas já não o ouvia, tanto é que Samuel é que ouviu a voz de Deus (I Samuel 3). Quando fazemos da obra de Deus simplesmente um serviço, resumindo o ministério a ações e resultados, perdemos a visão espiritual, e passamos a viver da visão de outros. E pior, passamos a não enxergar o pecado que de perto nos rodeia (Hebreus 12: 1).
            Então, qual é visão central do evangelho? Deus nos chamou em Cristo para que?
Em João 3: 16 está escrito um dos versículos mais conhecidos da bíblia, senão, o maior deles. Há todo um peso porque foram palavras do próprio Jesus, e não uma interpretação bíblica de apóstolos, nem uma profecia, e nem uma promessa; é uma afirmação divina. Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito, para que todo aquele crê não pereça mais tenha vida eterna.
Deus nos chamou para a vida eterna. Mas isso não significa que esse objetivo só vai se iniciar quando formos para a Nova Jerusalém. Cristo definiu o que é vida eterna:
“E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” João 17: 3.
            Fomos chamados para conhecer a Deus por intermédio de Cristo (Mateus 11: 27). É em Cristo que habita toda a plenitude de Deus (Colossense 1: 19, 2: 9).
            Vejamos o que Paulo fala na Carta aos Efésios 3, a partir do verso 17:
            “Para que Cristo habite, pela fé, em vossos corações, afim de, estando arraigados e fundados em amor, poderdes perfeitamente compreender com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade. E conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus”.
            Nossa vida, nossa fé, nosso ministério não é nada comparado com a promessa de termos a plenitude do conhecimento de Deus por meio de Cristo (Efésios 1: 17 a 23). Precisamos entender que se nossa vida não for moldada diariamente por Cristo (Lucas 9:23) corremos o grande risco de salvarmos a muitos e perder a nossa salvação (Marcos 8:36).
            Talvez você esteja cansado, e sente que tudo o que tem feito parece não ser esperado ante ao esforço aplicado. Sim, você não está sozinho; todo crente sente esse peso. Mas precisamos ter em mente que temos todos os dias a oportunidade de levar todo esse cansaço a Jesus. Ele nos prometeu que nos aliviaria desta carga, mas se quiséssemos prosseguir, precisaríamos aprender dele (Mateus 11: 28 e 29).
            Que nossa vida não se resuma a ministérios e projetos, mas que nosso paradigma seja a conformação da nossa vida a imagem e semelhança de Cristo.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Hinos e intimidade com Deus


            Uma das frases mais proferidas por cantores da musica gospel é a chamada intimidade com Deus. A ideia é de que quanto mais íntimo de Deus, mais a pessoa é livre para adorar, louvar, e que íntimos de Deus não tem qualquer vergonha de expressar esse louvor das maneiras mais variadas, desde simplesmente levantando as mãos até pulando, deitando, sendo alguns até mesmo irreverentes, dando risadas e imitando animais.
            Como sempre, precisamos estar atentos a exageros. Sou jovem. Gosto de uma bateção de lata, como dizem os mais experientes. Creio que hinos ritmados, alegres, tenham um papel no dia a dia do crente. Afinal de contas, a alegria e o jubilo fazem parte da vida do cristão. Mas temos que estar atentos a exageros, pois geralmente eles mais produzem confusão do que edificação. Vide as unções estranhas que tem sido ministrada por várias igrejas.
            Gosto de 4 por 1, PG, e até mesmo alguns hinos de Fernandinho. Curto mesmo são algumas bandas americanas, como Casting Crows, Third Day, até mesmo porque virou moda simplesmente traduzir musicas. Isso é muito bom em algumas canções, como a do PG, em Quem Sou Eu, musica original do Casting Crows¸ Who i am. E quando digo curto, digo que sou edificado por hinos deles, mas não sou , como muitos gostam de dizer. São irmãos como nós, propensos a erros e enganos, e eles podem se refletir em suas musicas.
            O problema principal é que a nossa juventude tem sido edificada sobre letras de hinos e canções que não podem ser levadas ao pé da letra. Pessoalmente, isso quer dizer, opinião pessoal baseada no meu gosto, não gosto de hinos em que o ego é amaciado e é cantado um evangelho egoísta, autossuficiente, vingativo. Há aqueles que se edificam apenas com a melodia, e nem pensam muito no que cantam, mas há aqueles que chegam a trocar versos bíblicos por refrãos de músicas. Tudo bem quando este é baseado num trecho da bíblia, ou mesmo faz uma interpretação sadia da fé (como se esquecer de Deus Cuida de Mim, Escudo, Além do Rio Azul, Projeto no Deserto, Rompendo em Fé, entre outros). Mas quando um crente diz que sua vitória tem sabor disso ou aquilo, e que seus inimigos vão assistir você num palco, isso realmente preocupa.
            Também me preocupam hinos que simplesmente repetem refrãos exaustivamente, verdadeiros mantras. Isso tem nome: terapia musical. Muitas faculdades psicologia têm cadeiras que ensinam o poder da musica no emocional da pessoa, interferindo diretamente na batida cardíaca, pulsação, respiração. São musicas que pegam pequenos trechos bíblicos e provocam uma catarse coletiva, não baseada no poder de Deus, mas numa chocante manipulação de emoções.
            Há um grande numero de crentes incautos que, por sentirem essa ou outra sensação, creem que suas bandas favoritas não somente são usados, como podem até mesmo profetizar coisas sem a necessidade de se fazer qualquer meditação ou provação bíblica. Com isso, temos em cena um Brasil evangélico levado por ícones da música, que muitas vezes não tem a menor preocupação com a mensagem que levam desde que junte pessoas e venda. Mais uma vez: não estou condenando nenhum grupo ou cantor específico, apenas alertando a necessidade de sabedoria bíblica ao se ouvir um hino. Sim, precisamos de discernimento até mesmo para coisas que deveriam fazer parte da nossa vida cristã.
            Esse é um parâmetro que possuo ao ouvir um hino, ler um livro ou até uma pregação. Não é algo quadrado, mas me ajuda a discernir o que me edifica e o que pode, no mínimo, ser perda de tempo:
-O tema central deve ser o amor de Deus, Cristo, seu perdão, a obra do Espírito Santo.
-Deve levar meus pensamentos a Deus, e não ao meu eu, meus projetos, sonhos, conquistas.
-Deve me edificar com coisas bíblicas, não com psicologia, humanismo.
-se for um testemunho, que glorifique a Deus, não a ele mesmo.
-deve possuir coesão.
            É muito fácil se deixar levar por hinos de fogo, emocional. Mas para mim, o único valor de um hino é ele exaltar a Deus, não aos meus desejos e carnalidades. Deixo aqui um exemplo de hino que me leva a Deus. Poderia mostrar outro que faz o contrário, mas, como a igreja hoje é levada por gostos, e não pela palavra, deixemos assim.
            Ah, e antes que esqueça: quer saber o que é intimidade com Deus? Leia a bíblia e vai ver que isso vai muito além de arrebatamentos emocionais. Intimidade com Deus é santidade, e santidade é um caminho, não um momento especifico.
           
           Hinos que me levam a Deus




sexta-feira, 5 de abril de 2013

Porque somos diferentes?


            Estou fazendo leitura diária das escrituras de modo sequencial, de Gêneses a Apocalipse, e hoje, ao ler Êxodo 33 me deparei com uma das narrativas mais marcantes de todo o velho testamento. Neste capítulo temos o diálogo de entre Moisés e Deus, sobre a tática pela qual Israel conquistaria a terra prometida. E a primeira decisão era: quem iria com o povo? Deus ou seu anjo (33: 2)?
            Qual a diferença? Com Deus o povo israelita tinha a promessa da vitória, contudo, sofreria a justiça de Deus caso se afastasse de seus caminhos, como ocorrera no capítulo anterior, ao fazerem um bezerro de ouro (Êxodo 32). Mas com o anjo, a promessa era apenas de vitória, e mesmo que a leis continuassem a existir, não seria Deus o executor delas. Em outras palavras: vitória garantida ou vitória garantida com a presença de Deus?
            Carnalmente falando, é obviamente melhor ter a garantia de vitória sem a necessidade de um comprometimento maior. Mais uma vez vemos aqui o que eu sempre entendo como a moeda de Deus: são situações pelas qual Deus apenas garante sucesso por causa da sua palavra, não necessariamente por sua vontade; ou seja, a moeda é de Deus, seu valor é o mesmo. Quando lemos uma promessa na bíblia e nos apropriamos dela, tomamos posse (como muitos gostam de dizer) não significa que necessariamente aquela é vontade de Deus para nossa vida.
            O exemplo do dízimo e oferta. Não estou dizendo aqui que ofertar e dizimar não são vontade de Deus; claro que é. Mas é possível uma pessoa se manter fiel nisso, prosperar, mas ainda assim não conhecer a vontade de Deus. Outra história que segue essa linha é a de Jó: homem justo e fiel diante de Deus, mas de fato, não conhecia a Deus (Jó 42: 5). Deus não tem compromisso com nada e ninguém além de sua Palavra. Por isso que Cristo não usou de sua autoridade como Filho de Deus contra Satanás no deserto (Mateus 4: 1 a 11; Lucas 4: 1 a 13).
            Quando usamos a palavra de Deus para requerer, pedir, Deus geralmente não nos diz não. Se eu dissesse isso num púlpito, a igreja pularia. Jesus é explicito ao dizer: Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi; e vos envieis, para que vades e deis frutos, e vosso fruto permaneça afim de que tudo quanto o pedirdes em meu nome meu Pai vos conceda (João 15: 16). Nós podemos pedir, ele nos incita a pedir: batei...pedi...buscai... (Mateus 7: 7; Lucas 11: 9). Cristo também pediu, mas suas petições sempre estiveram debaixo de uma lei: a vontade de Deus (Mateus 26: 39; Marcos 14: 36; Lucas 22: 42). Aliás, é interessante notar que quando Cristo pedia algo a Deus, geralmente o fazia pelos outros. Essa foi a tônica da oração sacerdotal (João 17).
            Muitas pessoas se frustram na igreja, com promessas de casamentos restaurados, questões familiares resolvidas e doenças curadas, mas quando não chegam ao resultado esperado, desanimam, muitas vezes até mesmo saindo da igreja, exatamente por não conhecerem a vontade de Deus. Muitos dizem: Mas a vontade de Deus é que todos sejam curados, que problemas sejam resolvidos, barreiras sejam quebradas! Mesmo? Então Cristo morreu na cruz simplesmente para nos dar uma vida tranquila?
            É claro que, mesmo que Deus resolvesse todos os nossos problemas, nós ainda teríamos cara de pau de pedir mais coisas, como se colocando Deus na parede. Moisés, homem manso e sábio, não queria somente vitória. Ele disse mais ou menos o seguinte: Deus, tu fizeste tantos milagres, mas o que realmente nos diferencia das outras nações não é o teu poder ou que fazes por nós, mas pelo que nos transformamos junto de ti. A nossa diferença é a tua presença! (33: 16). A presença de Deus no meio do arraial trazia a todo povo uma santidade impossível de ser atingida por vitórias e batalhas travadas.
            Paulo usava termos como não vivo mais eu, mas Cristo vive em mim, revestir-se de Cristo, mente cativa a Cristo, ter o mesmo sentimento de Cristo por que simplesmente ele compreendia a verdade do evangelho não era um conjunto de regras ou ensinos, mas sim uma pessoa, Jesus Cristo. Quando uma pessoa começar ter pensamentos parecidos com Cristo, com emoções que provocam atitudes parecidas com a de Cristo e passam a se relacionar com o mundo e as pessoas ao seu redor, seja cultural ou sociologicamente como Cristo fez, ela passa a ser a presença de Deus onde estiver, simbologia que arca representava.
            Irmãos, e esta a vontade central de Deus, nossa santidade, e sem ela nós nunca veremos a Deus (I Tessalonicenses 4: 3; Hebreus 12: 14). A nossa mentalidade precisa ser parecida com a de Moisés. Ter a presença de Deus vai muito além de uma vitória, representa nossa identidade.
            

terça-feira, 2 de abril de 2013

Vinde a mim



            Estava trabalhando hoje e o Espírito Santo me lembrou de uma passagem muito conhecida do livro de Mateus. Vinde a mim todos vós que estais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei (Mateus 11: 28). Então, depois de algum tempo de meditação, o Espírito Santo me trouxe uma visão um pouco diferente. Vou tentar explicar, ainda que seja maravilhoso quando o próprio Espírito prega pra você. Se você já sentiu isso, sabe do que estou falando.
            O primeiro ponto é que este é um versículo usado geralmente de maneira evangelística, ao pregar para um ímpio. Contudo, vamos pensar no seguinte: quem é que não sente cansado e oprimido? Alguém é capaz de trabalhar durante o dia e não se sentir cansado? Quem é que, de alguma forma, não é oprimido por algo, por problemas, por questões que precisam ser resolvidas, ou que não tem solução? Creio que todos nós levantaríamos a mão.
            A questão é: por quê? Resposta: o pecado.
            Nós temos o costume de colocar a culpa de tudo em terceiros. Lembro-me da época em que o presidente Fernando Henrique Cardoso privatizou algumas empresas nacionais, terceirizando nossa água, luz e afins. Na época houve criticas, discussões sobre o peso disso em longo prazo. O caso é que os cristãos de hoje em dia terceirizam tudo: problema, discussões, angústias, barreiras, doenças, questões espirituais... Tudo é terceirizado, como se o diabo tive um Self service com direito a linha 0800. Alô? Diabo? Pois é, teus demônios andam deixando meu marido um verdadeiro demônio; será que, em nome de Jesus, você não poderia sair da vida dele? Estou sendo irônico porque é isso que acontece. Dizemos tá amarrado, tá repreendido e outros verbetes pentecostais, mas esquecemos de que satanás já foi vencido e a única forma dele nos atacar é se dermos chance a ele. Isso não significa que não seremos atacados, mas a bíblia nos manda resistir (Tiago 4: 7), e que o diabo não nos ataca de repente, mas ele brama ao nosso redor (I Pedro 5: 8). Ou seja, o diabo e seus demônios nos atacam, mas não prevalecem sobre nós a não ser... Quando pecamos.
            Grande parte de nossos problemas são devidos a nossa vida não refletir o caráter de Cristo. Vi o pastor batista Paul Washer dizer isso numa pregação, e não tinha percebido como isso é verdade. Quer ver alguns exemplos?
            No serviço seu chefe ímpio resolve pegar no seu pé. Durante um bom tempo você aguenta, mas chega um ponto em que você não resistiu e resolve bater boca com ele. Qual é a nossa desculpa? O inimigo! Não. Um dos frutos do Espírito é paciência. Pedimos a Deus que nos encha do seu Espírito, e quando ele nos enche, não o faz somente com línguas estranhas e revelações. Vem junto um pacote de virtudes que só quem é cheio do Espírito pode vivenciar. O problema é que, como não lemos bíblia, não compreendemos que a tribulação produz... Paciência (Romanos 5:3). Ficamos irados, achamos que o diabo está se levantando quando na verdade o Senhor, que esquadrinha e prova nossos corações (Jeremias 17: 9,10) quer nos moldar. O motivo: preferimos botar culpa em outros quando a culpa é nossa, preferindo dar vazão à carne à ao Espírito, preferindo andar segundo a nossa própria natureza (Romanos 7: 18).
            Acho que já deu para entender. Grande parte, senão, todas as nossas angustias e tribulações são resultados do pecado. Chegamos ao final do dia cansados e oprimidos, geralmente por causa do pecado e suas consequências. A pergunta é: o que fazemos?
            Somos gaúchos e matamos no peito? Não. Vamos a Cristo.
            Há muitos irmãos que, ainda que crentes, tem levado os pecados consigo por anos e anos achando que tudo é culpa do inimigo, dos outros, da família que não entende, dos amigos traidores, do pastor que não dá oportunidade, do chefe que pega no pé e oramos para Deus derrube barreiras, quando nós somos a barreira a ser vencida. Pessoas magoadas há anos, que não liberam perdão por acharem que foram injustiçadas, achando que somente levando a causa a Deus é o suficiente. Estamos cada vez mais nos esquecendo da principal missão do Espírito na igreja: convencimento do pecado. Uma coisa que as pessoas não entendem é que o Espírito convence os crentes do pecado, não os ímpios, pois quando os ímpios se convencem do pecado automaticamente Ele os leva ao arrependimento. Os crentes precisam compreender que a principal obra do Espírito Santo na vida do fiel é a santificação. E que, quanto mais conhecemos a Deus, mais reconhecemos nossos pecados.
            Crentes cansados e oprimidos. O convite de Cristo de “vinde” não é a pecadores. O versículo anterior (Mateus 11: 27) diz: “Todas as coisas me foram entregues por meu Pai, e ninguém conhece o Filho senão o Pai; e ninguém conhece o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho quiser revelar”.
            Então, quando reconhecemos que, por causa de nossos pecados, somos cansados e oprimidos, ao nos achegarmos a Cristo ele diz: eu vos aliviarei. Como? Aprenda uma coisa: a diferença entre o mundo e os cristãos é que quando ímpio olha para cruz ele vê a si mesmo, enquanto o crente tem a Cristo, e vê uma cruz vazia. Todos os dias os ímpios passam por tribulações e angustias e deitam nos seus travesseiros e reclamam de seus próprios pecados, levando todos os dias seus pecados e suas consequências, e enquanto eles não tiverem a Cristo, chegará o dia em que eles sofrerão o tormento eterno por esses pecados. Eles serão crucificados eternamente, sofrendo a ira de Deus.
            Eu e você temos a Cristo. Aleluia! O pecado já foi pago, mas precisamos confessa-los. Vamos parar de bancar os super crentes a assumir a nossa posição: filhos da misericórdia de Deus! Quando nos achegamos a Cristo e paramos de por a culpa nos outros e assumimos nossa condição de pecados, João nos disse que Ele é nosso advogado (I João 2: 1) e que por seu sangue nossos pecados são perdoados (I João 1: 7).
            Quando nos achegamos a Cristo, se cumpre a profecia de Isaías:
            Verdadeiramente ele tomou sobre si a nossas enfermidades, e as nossas dores ele levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.
            Isaías 53: 4,5.
           
            

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Buscando pães e peixes?



            Em João 6: 26 há uma passagem bem interessante. Jesus havia feito o milagre da multiplicação de peixes e pães, e depois passar para o outro lado do rio, em Cafarnaum, sendo que em Tiberíades Cristo havia feito o milagre, ele deu de encontro com muitos dos que havia presenciado o milagre.
            Ótimo. Sabem, nossas igrejas tem sido povoada por crentes como esses. Pessoas que foram agraciadas por milagres, intervenções divinas, mudanças extraordinárias. E nós ficamos felizes com isso, não é mesmo? Mais uma vez trago a lume a mentalidade que predomina nos púlpitos e igrejas no Brasil: se Cristo agisse conforme as ações de publicidade que as igrejas fazem hoje, como ele faria?
            A palavra disse que Cristo foi encontrado, não procurou promoção. Tanto é que versículos antes ele se ausentou porque sabia que o povo queria coroa-lo rei (João 6: 15). Vemos hoje um Cristo sendo pregado como um pop star, alguém deseja destaque na sociedade. Talvez Cristo tivesse pagado alguém para anunciar que aquele que multiplicou pães em Tiberíades estava Cafarnaum! Venham, só hoje! O que as pessoas esperariam? Vamos ser crentes, e analisar a luz das escrituras: o que há na minha mente, no meu coração, quando busco a Cristo? Quando eu dobro meus joelhos e me ponho a clamar, o que há nas minhas palavras? Pães e peixes?
            É claro que a palavra nos ensina a pedir, bater, buscar. Mas porque entre tantas petições, Cristo é relegado com agenciador e não como o motivo da nossa busca? Queremos ser cheio do Espírito por quê? Por ter um cargo? Por ter um objetivo na empresa, na escola, na igreja, para provar para os outros que Deus me escolheu, mesmo sendo o mais pobre, inculto, jogando na cara de tantos que Deus escolhe os que não são para confundir os que não são? Irmão, irmã, simpatizante do evangelho (sim, você que não quer ser crente, mas deseja ser conhecido como uma pessoa com mente aberta, mas que no fundo está indo para o inferno com sua indecisão): a luz das escrituras, o que motiva você a buscar Cristo?
            Veja bem: as pessoas que estavam em Cafarnaum estavam em Tiberíades. Mudança de vida, de estado, ter presenciado ou ter sido alvo de um milagre não significa nada se o motivo da busca não for Cristo em si! Nós somos tão orgulhosos, achamos que estamos mudando a sociedade, e que crente hoje é pessoa respeitada. Não. Pouco me importa se os outros me consideram alguma coisa. O que me importa é levantar todos os dias e me fazer esta mesmo pergunta: o que me motiva?
            Contamos testemunhos como se eles fossem grandiosos, mas e Cristo? Os testemunhos de Paulo sempre tinham um alvo: glorificar a Cristo. Sabe o que vemos hoje: o homem que era mendigo, drogado, viciado, homossexual, ladrão, assassino. Isso não quer dizer nada se minha vida não for uma busca intensa por Cristo! Eu não quero ser como Zaqueu, Davi, Jeremias, Paulo, Pedro, João! Eu quero Cristo! Sim, os exemplos de fé destes homens não deveriam ser alvos, e sim sinais da fidelidade de Deus!
Jesus respondeu aqueles: Vocês vieram pelo motivo errado! Vocês só estão aqui porque foram saciados, mas vocês continuam saciados porque a verdadeira comida não é esta: sou EU! (João 6: 47 a 51).
Como estamos equivocados! Cristo não é o cara dos milagres. Ele é motivo da nossa existência! Ele é a vida (João 1: 4). Se nossa existência não estiver focada em espelhar essa glória, somos pobres, tolos. Eu não estou dizendo que não precisamos de dinheiro, nem que eu não quero coisas boas roupas, carro, moto, e tudo aquilo que o mundo oferece. Todos queremos. E esta aí a diferença: Jesus disse que os ímpios buscam isso, e nós não somos ímpios. Leiamos Mateus 6: 24 a 34:
24 - Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.
25 - Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário?
26 - Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?
27 - E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura?
28 - E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam;
29 - E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles.
30 - Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé?
31 - Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos ou que beberemos, ou com que nos vestiremos?
32 - (Porque todas estas coisas os gentios procuram). De certo vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas;
33 - Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.
34 - Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.
            Paremos e analisemos o verso 32 e 33. Cristo diz que somente os que não têm Deus, que não depositam sua confiança nele buscam essas coisas! Mas não está escrito que essas coisas não sejam necessárias. Antes, há uma promessa: os que primam pelo reino de Deus e sua justiça receberão aquilo que necessitam! Mais uma vez: não falo de deixar tudo pra lá, não se preparar, não investir ou buscar coisas boas. Mas a minha vida não pode ser controlada por pães e peixes! Eu não posso me achegar a Cristo com a fome de pães e peixes. Porque, em algum momento, teremos que aprender uma lição que poderá nos afastar de Cristo (João 6: 66).
            Outro detalhe: o verso 25 é ligado diretamente pelo verso 24: Ninguém pode servir a Deus e Mamom, por isso vos digo...            É necessário dizer alguma coisa? Não podemos achar que esta busca incessante por bênçãos, milagres, poder, e esse circo todo seja um avivamento cristão. Creio que o deus deste século, pelo menos o que o mundo segue, se chama Mamom, e infelizmente, a igreja que deveria estar oferecendo Cristo, está oferecendo pães e peixes para pessoas famintas de si mesmos. Aliás, será que eu também não estou? Creio que se minha fé não continuar baseada na Bíblia e na direção do Espírito Santo, temo seguir esta mesma busca.
            Amados, crentes fiéis: busquemos em oração o Cristo ressurreto. Aquele em quem habita a plenitude de Deus (Colossenses 1: 19), o que nos dá vida eterna. Chega de pães e peixes, porque Cristo é único que pode me saciar.