É necessário
entender que buscar a Deus vai muito
além de vontade. Envolve uma ação divina, que é como que o fogo que se alastra
na alma, criando uma combustão. Pense assim: a minha vontade é como pólvora. Tem
todas as propriedades necessárias para explodir, se alastrar, mas sem fogo, é
somente pólvora. Se lermos os primeiros capítulos da bíblia perceberemos alguns
detalhes. Ainda que Deus tivesse relacionamento com o homem desde Adão e Eva,
passando por Abel e Caim, é somente no capitulo 4 verso 26 que aparece a ideia
de buscar a Deus : então começou-se a
invocar o nome do Senhor. Mas a recompensa por essa busca só viria com Noé,
com quem Deus fez conhecer sua vontade.
Ao
contrário do que muitos imaginam, desde a era pré-diluviana, passando pelo período
dos patriarcas até chegar-se a lei, já havia um culto a Deus, tanto é que no
capítulo 14 verso 18 de Genesis é relatado o encontro de Abraão com o sacerdote
do Deus altíssimo, Melquisedeque. Mas a bíblia não relata como eram estes
cultos. Ela nos aponta apenas os períodos e episódios que Deus se manifestou
aos que o buscavam. Isso me leva a uma pergunta: é possível buscar a Deus e não ser correspondido?
A resposta da pergunta é encontrada em Jeremias 29: 13. Vejamos: E buscar-me-eis, e me achareis, quando
buscardes de todo os vosso coração.
Precisamos
entender o contexto: o povo israelita estava no cativeiro da babilônia, quando
Jeremias, inspirado por Deus, enviou uma carta aos que estavam cativos: uma
carta de promessa de livramento. Há aqui varias explicações divinas sobre o
ocorrido, demonstrando que era um plano divino todo o acontecimento, dizendo
até mesmo o período que duraria o cativeiro (29: 10). O sentimento era de
consternação, tristeza, medo e incerteza pairavam nos corações dos judeus. É
aqui que está o ponto principal: não havia qualquer orgulho, sentimento de
soberba ou vaidade; a promessa de Deus era a restituição, à volta a Jerusalém.
As instruções eram claras: crescer (29: 5,6), mas o grande apelo era:
busquem-me. E eis um forte ensinamento: buscar a Deus envolve uma renuncia de
tudo aquilo que prezamos, sem necessariamente deixar de fazê-lo. O maior
orgulho de um israelita era sua família, sua casa e seus bens. Deus disse:
continuem a fazê-lo. Mas o fato de estarem numa terra estranha deixava o povo
com a sensação de deslocamento, pois aquele não era o lugar deles. Ou seja,
mesmo que edificassem, crescessem e se multiplicassem, deveriam sempre estar
preparados para voltar para a sua pátria. Eles estavam na babilônia, mas o
coração estava em Jerusalém, o único lugar onde eles poderiam prestar um culto
verdadeiro ao Deus verdadeiro. E essa era alma, a história daquele povo, sua essência.
Por consequência, a primazia deles estaria em Deus.
O que isso
quer dizer? Que nossa busca a Deus não pode envolver qualquer projeto paralelo.
A busca a Deus não deve ser um momento, mas uma vivência. E isso bate com a
explicação de Paulo ao relatar como deve ser o dia-a-dia do cristão. Segundo
Paulo, devemos levar todo entendimento cativo a Cristo (II Coríntios 10: 5). Devemos
viver para Deus (Romanos 6: 10; Gálatas 2: 19). Em outras palavras, nossa busca
Deus deve envolver cada aspecto da nossa vida, de maneira que, quer bebamos ou
comemos, façamos para a glória de Deus (I Coríntios 10: 31).
Muito bem.
E o fogo? Já está em nós. O Espírito Santo cumpre o papel de Consolador, aquele
ensina, convence, nos faz lembrar, nos auxilia, intercede por nós. O papel do
Espírito Santo na igreja é ser a marca, o selo, o diferencial na igreja. O
grande problema dos crentes de hoje é que temos o poder, a glória de Deus em
nossa vida, mas não temos entendimento, discernimento. Sabemos de cor os dons e
operações do Espírito de Vida, mas pouco sabemos de arrependimento, da correção
do Senhor, da santificação; a consequência da busca de Deus não é somente um
punhado de manifestações pentecostais, mas uma vida santa, capaz de influenciar
e testemunhar do poder regenerador do evangelho. Nós, pentecostais, precisamos
de um avivamento bíblico.
Temos o
fogo, mas não temos objetivos que só podem ser conhecidos pela palavra. Nossos
objetivos são variados, desde milagres de cura, de prosperidade, de bonança, de
alvos pessoais, mas não estamos almejando o mundo espiritual, a vitória contra
o pecado, contra a carne, contra o meu eu. Não estamos crescendo na medida e
estatura de Cristo. O verdadeiro alvo de buscar a Deus é a revelação de Cristo
em nossa vida. Paulo podia dizer que Cristo vivia nele. Mas será que eu, pelo
que conheço da palavra, posso dizer o mesmo? Buscar a Deus é isso. Penso que
biblicamente, tudo o que passa disso, é vaidade.
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