quinta-feira, 28 de março de 2013

O Objetivo da Nossa Busca

                   Minha salvação não decorre de uma vontade minha, humana, carnal. Isso porque eu não tenho capacidade buscar. A palavra de Deus ensina que não há ninguém busque a Deus, ninguém que entenda (Romanos 3: 11). Isso significa que mesmo que houvesse vontade, eu não teria entendimento para, de fato, buscar a Deus. Isso abre uma linha limitadora: há pessoas que até mesmo pensam estar buscando a Deus, mas não entendem. Um exemplo é a mulher samaritana do texto do evangelho de João. Jesus foi bem claro quando disse que ela buscava um Deus que ela não conhecia (João 4: 22). Naquele tempo, a revelação do Deus verdadeiro estava limitada aos judeus. Mas com o advento de Cristo, todos quantos creem em Cristo têm essa capacidade dupla de vontade e entendimento (Efésios 2: 14 a 16).
            É necessário entender que buscar a Deus vai muito além de vontade. Envolve uma ação divina, que é como que o fogo que se alastra na alma, criando uma combustão. Pense assim: a minha vontade é como pólvora. Tem todas as propriedades necessárias para explodir, se alastrar, mas sem fogo, é somente pólvora. Se lermos os primeiros capítulos da bíblia perceberemos alguns detalhes. Ainda que Deus tivesse relacionamento com o homem desde Adão e Eva, passando por Abel e Caim, é somente no capitulo 4 verso 26 que aparece a ideia de buscar a Deus : então começou-se a invocar o nome do Senhor. Mas a recompensa por essa busca só viria com Noé, com quem Deus fez conhecer sua vontade.
            Ao contrário do que muitos imaginam, desde a era pré-diluviana, passando pelo período dos patriarcas até chegar-se a lei, já havia um culto a Deus, tanto é que no capítulo 14 verso 18 de Genesis é relatado o encontro de Abraão com o sacerdote do Deus altíssimo, Melquisedeque. Mas a bíblia não relata como eram estes cultos. Ela nos aponta apenas os períodos e episódios que Deus se manifestou aos que o buscavam. Isso me leva a uma pergunta: é possível buscar a Deus e não ser correspondido?
            A resposta da pergunta é encontrada em Jeremias 29: 13. Vejamos: E buscar-me-eis, e me achareis, quando buscardes de todo os vosso coração.
            Precisamos entender o contexto: o povo israelita estava no cativeiro da babilônia, quando Jeremias, inspirado por Deus, enviou uma carta aos que estavam cativos: uma carta de promessa de livramento. Há aqui varias explicações divinas sobre o ocorrido, demonstrando que era um plano divino todo o acontecimento, dizendo até mesmo o período que duraria o cativeiro (29: 10). O sentimento era de consternação, tristeza, medo e incerteza pairavam nos corações dos judeus. É aqui que está o ponto principal: não havia qualquer orgulho, sentimento de soberba ou vaidade; a promessa de Deus era a restituição, à volta a Jerusalém. As instruções eram claras: crescer (29: 5,6), mas o grande apelo era: busquem-me. E eis um forte ensinamento: buscar a Deus envolve uma renuncia de tudo aquilo que prezamos, sem necessariamente deixar de fazê-lo. O maior orgulho de um israelita era sua família, sua casa e seus bens. Deus disse: continuem a fazê-lo. Mas o fato de estarem numa terra estranha deixava o povo com a sensação de deslocamento, pois aquele não era o lugar deles. Ou seja, mesmo que edificassem, crescessem e se multiplicassem, deveriam sempre estar preparados para voltar para a sua pátria. Eles estavam na babilônia, mas o coração estava em Jerusalém, o único lugar onde eles poderiam prestar um culto verdadeiro ao Deus verdadeiro. E essa era alma, a história daquele povo, sua essência. Por consequência, a primazia deles estaria em Deus.
            O que isso quer dizer? Que nossa busca a Deus não pode envolver qualquer projeto paralelo. A busca a Deus não deve ser um momento, mas uma vivência. E isso bate com a explicação de Paulo ao relatar como deve ser o dia-a-dia do cristão. Segundo Paulo, devemos levar todo entendimento cativo a Cristo (II Coríntios 10: 5). Devemos viver para Deus (Romanos 6: 10; Gálatas 2: 19). Em outras palavras, nossa busca Deus deve envolver cada aspecto da nossa vida, de maneira que, quer bebamos ou comemos, façamos para a glória de Deus (I Coríntios 10: 31).
            Muito bem. E o fogo? Já está em nós. O Espírito Santo cumpre o papel de Consolador, aquele ensina, convence, nos faz lembrar, nos auxilia, intercede por nós. O papel do Espírito Santo na igreja é ser a marca, o selo, o diferencial na igreja. O grande problema dos crentes de hoje é que temos o poder, a glória de Deus em nossa vida, mas não temos entendimento, discernimento. Sabemos de cor os dons e operações do Espírito de Vida, mas pouco sabemos de arrependimento, da correção do Senhor, da santificação; a consequência da busca de Deus não é somente um punhado de manifestações pentecostais, mas uma vida santa, capaz de influenciar e testemunhar do poder regenerador do evangelho. Nós, pentecostais, precisamos de um avivamento bíblico.
            Temos o fogo, mas não temos objetivos que só podem ser conhecidos pela palavra. Nossos objetivos são variados, desde milagres de cura, de prosperidade, de bonança, de alvos pessoais, mas não estamos almejando o mundo espiritual, a vitória contra o pecado, contra a carne, contra o meu eu. Não estamos crescendo na medida e estatura de Cristo. O verdadeiro alvo de buscar a Deus é a revelação de Cristo em nossa vida. Paulo podia dizer que Cristo vivia nele. Mas será que eu, pelo que conheço da palavra, posso dizer o mesmo? Buscar a Deus é isso. Penso que biblicamente, tudo o que passa disso, é vaidade.
           
            

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